A pergunta soa infantil, mas na verdade é uma provocação. Mosquito tem cérebro, sim, bem pequenininho, e parece que usa mais do que os seres humanos. Afinal, um ser minúsculo vem vencendo batalhas diárias contra nós. Vemos as doenças se espalharem, atingindo mais e mais pessoas, provocando impactos sérios na saúde pública e gastos milionários na prevenção e controle.
Os mosquitos são vetores de doenças que matam milhões de pessoas todos os anos no mundo. Não falo aqui apenas de dengue, chincungunya ou zika, transmitidas pelo Aedes aegypti.
São dezenas de doenças que têm em diferentes mosquitos seus vetores. A febre amarela e a malária são outros problemas sérios no planeta. No Brasil, a malária está concentrada na Região Norte e é doença de alta letalidade. Fico refletindo se, assim como a dengue não era registrada em muitos Estados há alguns anos, existe risco de esta outra grave enfermidade cruzar divisas. O que fizemos para evitar que o Aedes aegypti tomasse conta do país? Nada. Por isso é importante refletirmos sobre a possibilidade de outros vetores chegarem por aqui.
Apesar de todos os apelos, ensinamentos e dicas apresentados incansavelmente pelos governos e instituições ligadas à saúde pública, as larvas do mosquito Aedes aegypti são encontradas facilmente em qualquer ambiente. É preciso que a comunidade encare este problema como algo de responsabilidade própria.
E sobre a provocação do título: a fêmea do mosquito da dengue protege sua prole. Faz uma análise minuciosa do local onde vai colocar os ovos. Verifica se a água está limpa, se pode evaporar ou aquecer demais. Se houver qualquer risco, ela levanta voo e procura outro lugar em melhores condições. Ela se certifica de que os ovos terão condições para eclodir. Fazemos isso em relação a nossa família? Tomamos todos os cuidados?
Um mosquito, em geral, vive entre 30 e 35 dias e não se desloca por mais de cem metros. Então, a ocorrência de doença bem pertinho da nossa casa pode ser responsabilidade nossa.