A epidemia do vírus zika será a maior tragédia de saúde pública da história recente no Brasil. Ela vem causando um número assustador de recém-nascidos com microcefalia! Uma redução do volume do cérebro pela diminuição drástica do número de neurônios, causada pela infestação viral, principalmente no início da gestação. Isso leva a deficiências graves após o nascimento, desde paralisias, convulsões frequentes e até dificuldades cognitivas severas. Além de causar uma forma de paralisia temporária em adultos.
Transmitido pelo mesmo mosquito da dengue, o Aedes aegypti, o zika não existia no Brasil até o início de 2015. Provavelmente entrou no país pelo Nordeste, onde se contabiliza a maior parte das crianças nascidas com microcefalia de outubro para cá. Pernambuco registrava, em média, 12 bebês com microcefalia ao ano. Nos últimos três meses, já são mais de mil. É um desastre humano e social incomensurável, mais ainda se projetarmos que essas crianças terão que ser amparadas no restante de suas vidas.
O vírus já está em 19 Estados e é inevitável que chegue, ainda no verão, ao Rio Grande do Sul, em regiões infectadas pelo mosquito transmissor, principalmente na região Noroeste, Costa do Uruguai e na Grande Porto Alegre. O governo do Estado se antecipou e, através do secretário de Saúde, João Gabbardo, alertou para o risco, mobilizando sua estrutura para diminuir o número de futuras vítimas. É importante um grande mutirão, que depende de recursos humanos e materiais do governo federal. No orçamento federal deste ano, nossa Frente Parlamentar da Saúde conseguiu criar uma rubrica específica de R$ 500 milhões. Como ainda não existe vacina, a única prevenção é a eliminação do mosquito e seus criadouros em depósitos de água parada, no lixo urbano. A limpeza das casas e pátios tem que ser semanal! Mesmo assim, é previsível que algumas dezenas de casos ocorram no Rio Grande do Sul. Podemos evitar que sejam centenas ou milhares, agindo com rapidez e com mobilização de todos, conforme as orientações da Secretaria de Saúde. Como o vírus causa alterações mais graves nos primeiros meses de gestação, é provável que sintamos mais seus danos na primavera de 2016, quando setembro vier. Mas, lembrem-se, quanto mais fizermos agora, menos vítimas teremos que lamentar depois!