O Planalto acerta ao conferir prioridade ao setor de construção civil nos planos de recuperação da economia, que espera lançar ainda antes do Carnaval. Um dos principais responsáveis pelo elevado número de dispensas de trabalhadores com o acirramento da crise, o setor é também o que costuma reagir mais rápido a investimentos destinados a gerar novas oportunidades de trabalho. Se já havia razões de sobra para o governo não errar, instabilidades como a registrada na China reforçam ainda mais a importância tanto do ajuste fiscal quanto da reativação da economia.
Por mais que venham a se mostrar adequados, os planos a serem discutidos no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, só darão resultados se conseguirem sensibilizar os agentes econômicos. Por isso, as turbulências internacionais registradas já no início do ano reforçam a importância de o país persistir na austeridade, o que fica na dependência de maior capacidade de articulação política por parte do governo.
O reconhecimento de equívocos, como a admissão pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, de que o governo cometeu erros na economia e está trabalhando para resolvê-los, é um ponto de partida importante. Ainda assim, o Planalto precisará convencer quem investe de que as medidas previstas não ficarão apenas nos discursos oficiais, como sugere a associação com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A preocupação faz ainda mais sentido num ano eleitoral e de enfrentamento do impeachment.
O país precisa, de imediato, de providências que sustem a estagnação e o retrocesso na economia. E, simultaneamente, de ações que possam conciliar o ajuste fiscal com a retomada do crescimento.