O Brasil aguarda a partir de agora que o novo ministro da Fazenda transforme em ações as declarações públicas de ideias e intenções. Desde ontem à tarde, quando assumiu oficialmente o cargo, o senhor Nelson Barbosa está sob a cobrança de todos que confiam nas suas intenções ou que ainda aguardam fatos concretos para apostar na sua capacidade de reabilitar a economia. O ministro repetiu ontem o que vinha afirmando desde sexta-feira, quando foi anunciado como substituto de Joaquim Levy. O primeiro compromisso, reafirmado de forma categórica, é com a responsabilidade fiscal. Nenhum projeto será viabilizado sem equilíbrio nas contas públicas. E, mais adiante, nada se resolverá sem reformas estruturais.
Essa, depois da fidelidade absoluta à austeridade, parece ser a mais importante declaração do ministro: o país não avançará se não fizer as reformas da Previdência e da estrutura tributária. Também está no centro de suas prioridades o enfrentamento de temas considerados sensíveis, como a política salarial dos servidores e a fixação de tetos para gastos do governo. São compromissos que passam, necessariamente, pela construção de consensos, porque não dependem apenas da boa vontade do Planalto e de seu novo ministro. Nelson Barbosa deixou claro que tem conhecimento da dimensão desse desafio ao admitir que, sem entendimento político, não haverá como implementar o que deve ser feito. Para isso, afirmou, agirá com senso de urgência, mas sem perder a serenidade.
O novo comandante da Fazenda tem a seu favor uma reconhecida habilidade para a negociação e dela irá precisar muito, em circunstâncias que, no Congresso, são desfavoráveis a convergências. O importante é que o ministro já reverteu parte da impressão inicial de que poderia ser suscetível a apelos ditos desenvolvimentistas, que conspirem contra a austeridade. Resta saber se o homem da caneta do governo terá força para, em meio a uma crise em que desacertos políticos e econômicos se misturam, implementar o que está prometendo.