O Brasil começa a cobrar a partir de hoje a efetividade da primeira frase do novo ministro da Fazenda, em sua aparição pública na última sexta-feira. Disse o senhor Nelson Barbosa: "A política fiscal e econômica como um todo continua na mesma direção: de buscar o equilíbrio fiscal e o controle da dívida pública". Logo a seguir, o economista fez uma relação de compromissos que também merecem registro, para que não se sejam apenas um recurso de retórica. Segundo o novo ministro, o país precisa retomar o crescimento com estabilidade nas contas e a recuperação da confiança de quem produz, a partir de parcerias do setor público com o setor privado, aceleração das concessões e aprovação de iniciativas fiscais do governo pelo Congresso.
Numa primeira avaliação, a partir das declarações aos jornalistas, o novo titular da Fazenda parece ter se esforçado para reverter a percepção média a respeito de sua linha de pensamento. Ao reforçar ideias básicas de seu antecessor, em nome da austeridade, o ministro surpreende os que o consideram flexível em relação a receitas e despesas governamentais. Tanto que o conceito de equilíbrio fiscal foi repetido várias vezes nessa primeira conversa. Também foram enfatizadas as preocupações com a urgência das reformas estruturais que têm sido adiadas, em especial na área tributária.
É natural que o novo comandante da economia submeta-se também a desconfianças, por ter o perfil definido como desenvolvimentista, mesmo em momentos de instabilidade, como a atual. Considere-se ainda a conjuntura internacional desfavorável, com aumento de juros nos Estados Unidos, e o agravamento da percepção negativa do Exterior, com o segundo rebaixamento da nota de investimento do Brasil. O ministro que sai deixa como herança positiva para o sucessor o esforço pelo bom senso nas contas da União, apesar da falta de apoio do próprio governo e do Congresso. Que Nelson Barbosa conte pelo menos com esse apoio.