Psicóloga de formação, atriz por vocação e escritora por conta do destino, Ana Carolina Machado viu um texto publicado em seu Facebook se tornar viral após relatar em minúcias o momento do nascimento de seu filho, Francisco, em julho de 2014. Não havia sido um parto qualquer. Carol, como é mais conhecida atualmente pelas leitoras do blog Mãe por Natureza e pelas seguidoras do seu canal do YouTube, optou por um parto humanizado, na banheira de sua casa - é uma das grandes defensoras brasileiras desta ideia. Atualmente radicada em São Paulo, a gaúcha voltou a Porto Alegre, sua terra natal, para palestrar para gestantes na escola Estação Musical e contou à coluna parte de sua história. O misto de um certo pavor do ambiente hospitalar e o desejo absoluto de ser mãe lhe fizeram buscar alternativas para fugir da cesariana:
- Comecei a me questionar: como posso querer que uma criança acredite que o mundo é bom se ela for recebida em um lugar frio, onde vai para o colo de um estranho, ouve vozes que ela nunca escutou ao longo da gestação, sai do escuro para uma luz absurda e agressiva, de um ambiente aquático para um aéreo e ainda de um maneira abrupta. Como poderia acreditar que nada disso iria influenciar na visão de mundo que essa criança teria no futuro?
Atualmente, com um ano e meio, Francisco é doce e leve, na definição da mãe.
O que só faz reforçar suas crenças para disseminá-las via internet - e, futuramente, em um livro. Entre os posts mais famosos da blogueira, está o que ela defende o quão importante é saber se relacionar com a dor e revela que sentiu prazer ao longo do parto:
- A sociedade costuma associar a dor a algo ruim e ao sofrimento. Tecnicamente, sim, é dor, mas eu não gosto de chamar assim pelo modo como as pessoas encaram a palavra, de querer se livrar logo tomando um remédio. A dor é importante, faz parte do processo. Para mim, a dor do parto, essa sensação intensa que a gente tem, é armazenada em outro lugar que não é o mesmo de quando eu bato meu pé na quina de um piano, por exemplo. É outra relação. Se você for pensar na dimensão da ruptura que representa o parto, isto não é nada. Ainda se fossem 48 horas em trabalho seria pouco. Você deixa de ser grávida para ser mãe, deixa de ser casal para ser família. De repente, tem um bebê real aqui fora com demandas e necessidades.
A pergunta que mais se repete entre suas fãs é: "Como ter um parto igual ao teu?". Carol ressalta que o mais importante é se informar e procurar uma equipe de profissionais que acredite na sua escolha e esteja preparada para o momento. A atriz foi acompanhada pelo obstetra Jorge Kuhn, especialista em parto humanizado e referência na área. Em 2012, ele chegou a ser processado por outros médicos por defender o método domiciliar, não considerado seguro por alguns, e alavancou uma série de passeatas na capital paulista que defendiam seu nome e seu trabalho.
- Quero deixar bem claro aqui que não estou pregando que todas as mulheres do mundo tenham que parir como eu. De modo algum faço isso no meu canal. Estou dizendo que essa foi a minha escolha, que era a minha necessidade, e defendo que as mulheres têm que ser respeitadas acima de tudo e ter acesso à informação correta, embasada em evidências científicas e não em mitos e achismos. Cada um tem sua consciência e sabe se pode bancar e suportar o parto domiciliar, apesar de eu achar que esta é a melhor maneira de trazer uma criança à vida - finaliza.
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com.br e acompanhe a Carol. Às gestantes, vale a pena, nem que seja por curiosidade.