O pedido de desculpas do presidente americano, Barack Obama, pelo bombardeio de um hospital no Afeganistão é uma boa notícia. Os Estados Unidos completarão no ano que vem 15 anos de presença militar no país - a mais longa guerra na qual já se envolveu.
O pretexto para a invasão foi o 11 de Setembro - embora, entre os 19 sequestradores dos aviões em 2001, não houvesse um único afegão e o regime talibã fosse cria de dois aliados americanos, Paquistão e Arábia Saudita. Quem sabe o presidente não está caindo na real?
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Obama sempre foi um entusiasta dessa guerra que definiu como "de necessidade", sem esclarecer como isso se afina com a sustentação de um regime corrupto, apoiado por senhores da guerra e narcotraficantes. O ataque ao hospital desviou atenção do fiasco da queda de Kunduz, quinta maior cidade do Afeganistão, a maior vitória do Talibã em 14 anos.
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O jornalista paquistanês Ahmed Rashid, que sabe das coisas, escreveu no jornal britânico Financial Times: "E ainda assim o movimento (a tomada de Kunduz) está longe de ser uma surpresa. O Talibã controlou 70% da província de Kunduz durante todo o ano e, em junho, lançou um ataque malsucedido à cidade".
Escrevendo na revista The New Yorker, a colunista Amy Davidson foi mais direta: "Entendemos nossos próprios motivos e prioridades no Afeganistão? Se não, 14 anos depois da invasão, quando iremos entendê-los?".
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Obama desculpou-se pelo hospital. Se tivesse senso de proporção, certamente renunciaria pelo conjunto da obra no Afeganistão.
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