Por Raquel Recuero, professora, pesquisadora e membro do Conselho Editorial da RBS
Nos últimos dias, mais uma vez enfrentamos, no Rio Grande do Sul, catástrofes climáticas, que são cada vez mais recorrentes. Desta vez, chuva intensa e forte inundou o sul do Estado, causando sérios problemas e, em muitas cidades, pânico. E, novamente, como em maio deste ano, vimos a desinformação tomar conta das plataformas de redes sociais, gerando ainda mais caos.
A preparação para a ação e a resposta a esses eventos, portanto, precisam envolver estratégias de comunicação
A desinformação envolve um conjunto de conteúdos problemáticos que geram dúvidas e ações, muitas vezes erradas, e que são diretamente potencializados, legitimados e amplificados pelas plataformas de mídia social. São, por exemplo, postagens que as pessoas recebem em grupos de amigos no WhatsApp, ou mesmo em páginas do Instagram, já cheias de curtidas, compartilhamentos e outras estratégias que reforçam a impressão de veracidade.
A desinformação floresce e circula com mais rapidez no vácuo informativo em situações de crise, como as tragédias climáticas que vivemos. A preparação para a ação e a resposta a esses eventos, portanto, precisam envolver estratégias de comunicação. Mais do que isso, é necessário desenvolver estratégias que vão além do uso das redes sociais para disseminar informações ou verificar desinformação. Conteúdos gravados para mídias sociais circulam em momentos diversos, nem sempre sendo exibidos a todos ou no tempo adequado. Uma notícia solicitando a evacuação de um local no Instagram, por exemplo, pode chegar às pessoas após o fato ocorrido ou quando a evacuação já não é mais necessária. É preciso ir além da checagem, que ajuda, mas não preenche o vácuo do qual a desinformação se alimenta.
Assim, é necessário trazer o jornalismo de volta como uma estratégia central, pois é o espaço de construção e, sobretudo, de verificação e apuração dos conteúdos essenciais para a comunidade. É preciso trazer a mídia tradicional, que independe dos algoritmos de visualização, das curtidas e compartilhamentos, e que é capaz de um alcance muito maior. É preciso construir um sistema de comunicação em muitas frentes de colaboração, capaz de preencher o vácuo informativo e permitir que nossas futuras ações sejam rápidas, conscientes e eficazes. Precisamos nos preparar.