Por Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc e membro do Conselho Editorial da RBS
Muitas vezes, frente a situações inesperadas, nos vemos capturados pelo senso de urgência e corremos o risco de esquecer o que é realmente importante. A emergência climática vivida no RS demonstra a urgência de acolher as pessoas que tanto necessitam e a importância de pensar em nosso futuro como sociedade. As inundações que assolaram o RS demandam uma nova forma de pensar em nossa capacidade de absorver os crescentes desequilíbrios climáticos e suas consequências no futuro. Precisamos aprender a aprender com essas crises para sairmos mais preparados para o próximo evento. A verdade é que não é isso que tem acontecido.
Nos últimos anos, tivemos sequencialmente situações desse tipo e parece que pouco aprendemos com cada uma delas. Infelizmente, não ouvimos ou não entendemos as mensagens que estávamos recebendo. A consequência é que nos vimos surpreendidos e despreparados para o desastre, que tem causas globais e locais, questões de legislação e culturais.
As inundações que assolaram o RS demandam uma nova forma de pensar em nossa capacidade de absorver os crescentes desequilíbrios climáticos e suas consequências no futuro
Precisamos aprender com nossas experiências e nossos erros passados na área ambiental, que não foram poucos. Se não fizermos isso, os recursos federais e internacionais de nada servirão para estarmos preparados para a próxima emergência climática.
Nosso maior desafio é construir uma nova visão de futuro para o RS. E conceber um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico e ambiental que nos permita uma convivência saudável com a água – tanto na falta, que gera problemas com a seca, quanto no excesso, com as enchentes. E este é um desafio que vai impactar mais as novas gerações.
É urgente fazermos investimentos de curto prazo para recompor a dignidade das pessoas atingidas pela tragédia. Precisamos, também com urgência, consolidar uma cultura de resiliência na nossa comunidade. Entendo a importância de os municípios e o Estado contarem com uma estrutura organizada nessa área, com uma liderança pública ativa, reconhecida e, sobretudo, preparada para enfrentar as futuras emergências climáticas.
É importante, principalmente, buscar uma solução de longo prazo que redesenhe o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Estado. E isso deve ser feito de forma participativa, solidária, escutando as pessoas, construindo JUNTOS. Porque o futuro é da colaboração. E isso passa também pela educação, uma educação integral, que inclua na formação dos nossos jovens a questão ambiental e o respeito à natureza, em busca de uma sociedade que reconheça a importância e a fragilidade de nossa casa comum.