Por Nelson P. Sirotsky, publisher e membro do Conselho Editorial da RBS
Há poucas semanas, participei de uma missão empresarial a Israel, para conhecer iniciativas tecnológicas e projetos inovadores na área de comunicação. Sempre é impressionante e inspirador constatar que um país com 9,5 milhões de pessoas, menor do que o Rio Grande do Sul e com apenas 75 anos desde o reconhecimento pela Organização das Nações Unidas se uniu em torno de um propósito por sua defesa e sobrevivência. Israel está se transformando em um admirável exemplo global de inovação e de novas tecnologias ao compartilhar conhecimentos que agregam desenvolvimento e melhorias para todos nas mais diversas áreas.
Está em curso uma transformação que poderá ressignificar o jornalismo profissional
No final da viagem, visitamos, em Jerusalém, o Museu de Israel, onde estão os Pergaminhos do Mar Morto, um extraordinário conjunto de textos, com data estimada em dois séculos antes de Cristo, descobertos incidentalmente por beduínos, em 1947. Ainda hoje, são objeto de pesquisas e muito do seu valor está relacionado a extratos de textos que comprovam a narrativa contida na Torá, o mais sagrado dos livros do judaísmo. Na ocasião, comentei com meus colegas de viagem a importância de este manuscrito poder ser lido e estudado em plena era digital.
A relevância dada aos registros manuscritos ainda hoje é uma amostra objetiva do interesse na história dos que vieram antes de nós e de como podemos aprender e ser mais eficazes em nosso próprio tempo. É aqui que faço a conexão com o jornalismo contemporâneo e sua responsabilidade perante a sociedade. O jornalismo profissional e sério registra a realidade em que vivemos, seja no mundo, no Brasil, no Rio Grande do Sul ou em qualquer lugar, construindo a história ao longo do tempo.
E a busca pela verdade dos fatos é o propósito do jornalismo profissional, missão que tem maior relevância frente às fake news. Em Israel, há muitas iniciativas a partir da inteligência artificial (IA) para apoiar a produção de conteúdo, a checagem de informações e as novas formas de se chegar ao público. Está em curso uma transformação que poderá ressignificar o jornalismo profissional, mas este sempre será embasado em valores permanentes, na curadoria profissional e no compromisso com o público.
O que me faz ser otimista é ver a RBS comprometida com o constante aperfeiçoamento do seu jornalismo e com formas inovadoras de levar a informação ao público, pois estamos construindo a história, seja em pergaminho, papel, áudio, vídeo, plataformas digitais ou na nuvem digital. No futuro, nossos registros jornalísticos do presente serão consultados e, quanto mais precisos forem, melhor será a compreensão sobre o tempo que hoje vivemos.