Por Anik Suzuki, jornalista e membro do Conselho Editorial da RBS
Sei que muitas pessoas como eu com frequência sentem-se “devendo” ou até angustiadas quando alguém comenta sobre um fato que, aparentemente, está em todas as conversas, mas até então nem tinham conhecimento. Nos últimos dias, só para citar assuntos que passaram nas minhas diferentes telas, percebi que muito se falou sobre o novo status global da covid-19, da coroação do novo rei da Inglaterra, da capivara que foi devolvida ao influenciador e sobre a carta do Banco Central e o futuro da taxa de juros brasileira, entre muitas outras notícias.
Cito propositalmente fatos de distintos graus de relevância e interesse, e certamente cada um poderia relacionar outros tantos. O ponto aqui é que, por gosto pessoal e dever profissional, tento estar atualizada sobre todos os assuntos que estão quentes na opinião pública e, na grande maioria das vezes, não sou bem-sucedida. Em meio a milhões de dados e informações que nos rodeiam, fica difícil separar o que realmente é importante, relevante e interessante saber. Mais ainda, conectar os fatos, discernir o que é verdade, saber como nos afetam e ainda evitar as armadilhas da desinformação. Não há dúvida de que precisamos de ajuda, de curadoria.
Percebo que os veículos da RBS caminham para uma curadoria cada dia mais atenta aos hábitos e interesses das pessoas
E é por isso que sou uma defensora ferrenha do trabalho da imprensa. Porque sempre quando me surpreendo com algo, quando tenho dúvidas, quando acho que estou desatualizada, é à imprensa que recorro. Acredito que essa curadoria, que hierarquiza a informação e a entrega apurada, checada e organizada, é um dos maiores valores do jornalismo profissional.
No Conselho Editorial da RBS, temos debatido profundamente sobre esse papel do jornalismo e sobre as iniciativas para aperfeiçoar essa entrega de valor para o público. Percebo que os veículos da RBS caminham para uma curadoria cada dia mais atenta aos hábitos e interesses das pessoas, não coletivamente falando, mas pensando no indivíduo.
Quanto mais avançar na direção de respeitar as visões e as realidades de cada um, tendo como base a produção de conteúdo de qualidade, objetivo e plural, mas sem impor o mesmo para todos, mais o jornalismo profissional ajudará as pessoas a consumirem o que de fato importa para suas vidas. Porque, como ouvi recentemente de um amigo, o melhor antídoto para a sensação de atropelo e desinformação, mesmo quando estamos nos informando o dia inteiro, é substituir quantidade por qualidade.