
A diretora de inteligência dos EUA, Tulsi Gabbard, e o chefe da CIA, John Ratcliffe, enfrentaram nesta quarta-feira (26) mais questionamentos sobre como o editor-chefe da revista The Atlantic foi adicionado a um chat no qual ataques militares americanos ao Iêmen eram debatidos.
Em uma audiência no Senado, democratas acusaram as duas autoridades de mentir sobre as mensagens e pediram a renúncia do secretário de Defesa, Pete Hegseth.
O presidente Donald Trump saiu em defesa de Hegseth e afirmou que o chefe do Pentágono “está fazendo um ótimo trabalho.
— Ele não teve nada a ver com isso — declarou Trump na Casa Branca, chamando as críticas de “caça às bruxas”.
Ratcliffe disse que os trechos divulgados do chat nesta quarta-feira (26) provam que ele não compartilhou informações confidenciais lá:
— Usei um canal apropriado para comunicar informações confidenciais. Era permitido fazer isso. Não transferi nenhuma informação confidencial — disse.
Gabbard, a diretora de inteligência nacional, também reiterou a afirmação de que nenhuma informação confidencial foi compartilhada nos chats do Signal:
— Não houve fontes, métodos, locais ou planos de guerra que foram compartilhados — ela disse.
Material confidencial
Democratas no Comitê de Inteligência do Senado rejeitaram as afirmações de Tulsi Gabbard e John Ratcliffe de que nenhum material confidencial foi incluído no chat. Eles também mencionaram as mensagens de chat divulgadas na íntegra pelo The Atlantic nesta quarta-feira como evidência de que a exposição poderia ter comprometido o sucesso da missão ou colocado em risco a vida de membros do serviço dos EUA.
A revista americana publicou nesta manhã o plano de ataque do Exército americano contra os houthis no Iêmen, que seu editor-chefe recebeu acidentalmente, depois de o governo de Donald Trump afirmar que não estava protegido por sigilo.
O artigo inclui capturas de tela de mensagens de Hegseth, com os horários dos ataques planejados contra o grupo rebelde do Iêmen, duas horas antes de o fato acontecer no dia 15 de março.
"Precisa renunciar imediatamente"
O deputado Raja Krishnamoorthi, de Illinois, destacou que o secretário de Defesa "precisa renunciar imediatamente".
— Esta é uma informação confidencial. É um sistema de armas, assim como uma sequência de ataques, assim como detalhes das operações — disse Krishnamoorthi.
Da mesma forma, Joaquin Castro, democrata do Texas, discordou dos oficiais de inteligência dizendo que as informações no chat do Signal sobre os ataques Houthi não eram confidenciais:
— Vocês todos sabem que isso é mentira — ele disse.
O interrogatório de Ratcliffe resultou em gritos quando um democrata da Califórnia perguntou ao diretor da CIA se o secretário de Defesa, Pete Hegseth, estava bebendo quando usou o aplicativo Signal para enviar mensagens de texto com seus planos de atacar os houthis no Iêmen.
— Acho que essa é uma linha ofensiva de questionamento — disse Ratcliffe ao deputado Jimmy Gomez, complementou dizendo que "a resposta é não".
Gabbard, Ratcliffe, o secretário de Defesa Pete Hegseth, o conselheiro de segurança nacional Michael Waltz e outras autoridades importantes da segurança nacional estavam no bate-papo, que incluiu os horários dos lançamentos de aviões de guerra e outras ações.
Waltz assumiu a responsabilidade e Trump chamou isso de "falha". Democratas disseram que foi um lapso de segurança irresponsável que pode exigir renúncias.
— É completamente ultrajante para mim que autoridades da administração venham até nós hoje com impunidade, sem aceitação de responsabilidade — disse o deputado democrata Jason Crow do Colorado.
Hegseth, por sua vez, falando com jornalistas no Havaí, novamente argumentou que suas revelações no grupo do Signal não eram "planos de guerra". Ele chamou sua divulgação de uma "atualização de equipe" destinada a "fornecer atualizações em tempo real, atualizações gerais em tempo real".