Cerca de 500 militares espanhóis uniram-se nesta sexta-feira (1º) aos 1,2 mil que tentam aliviar a situação da população de Valência após as enchentes que já deixaram mais de 200 mortos.
— Se for necessário, estarão presentes 120 mil militares — prometeu a ministra da Defesa, Margarita Robles, em entrevista à emissora estatal TVE.
"Todos unidos para ajudar onde for necessário, o tempo que for preciso", insistiu o Ministério da Defesa na rede social X ao anunciar o envio das tropas.
As fortes tempestades que atingiram a região na terça-feira (29), que despejaram em poucas horas uma quantidade de água equivalente à que cai em um ano, provocaram inundações que destruíram pontes e arrasaram casas e amontoaram centenas de veículos que dificultam o deslocamento dos serviços de emergência.
De acordo com o prefeito do município de Chiva, Amparo Fort, em entrevista à rádio estatal RNE, muitos dos carros "estão cheios de pessoas". A cidade de 16 mil habitantes, a 40 minutos a oeste da cidade de Valência, vive uma situação dramática, disse o prefeito.
— Continuamos pedindo água, pedindo mantimentos — explicou Fort, entre lágrimas.
As pessoas estão "perturbadas"
Aos problemas normais derivados da situação, somaram-se os saques, contra os quais o governo prometeu firmeza e que já resultaram em 39 detenções.
— Eu estava no corredor do shopping e as pessoas entravam para pegar roupas, estavam saqueando — disse à AFP um morador de Aldaia, cidade do interior de Valência.
— As pessoas estão perturbadas até que isso se normalize e o supermercado abra, está tudo muito ruim — completou.
Identificação dos corpos
A cidade de Valência, capital da região homônima e terceira maior da Espanha, foi pouco afetada pela tragédia que atingiu seu entorno. Lá, foi instalado um grande necrotério no complexo que abriga os tribunais, para agilizar a identificação dos corpos.
Ambulâncias iam e vinham, observou um jornalista da AFP, enquanto agentes de jaleco entravam no prédio acompanhando macas cobertas com lençóis brancos.
A área foi isolada pela polícia e os jornalistas foram mantidos a distância, sendo permitida a entrada apenas aos familiares dos mortos, aos poucos.
Solidariedade
Um exército solidário de centenas de vizinhos partiu em direção às zonas afetadas nesta sexta-feira, aproveitando o feriado de Todos os Santos para ajudar.
Carregavam pás, vassouras, ancinhos, carrinhos de comida, fraldas, água. Alguns atenderam ao chamado de amigos, outros apenas para ajudar no que pudessem diante de uma tragédia histórica.