O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta terça-feira (29) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronuncie sobre o veto do governo brasileiro que bloqueou a entrada da Venezuela no Brics.
— Prefiro esperar que Lula observe, esteja bem informado sobre os acontecimentos, e que ele, como chefe de Estado, em seu momento, diga o que tem que dizer — expressou Maduro, em seu programa semanal na TV pública.
O governante evitou responsabilizar Lula diretamente pelo veto, e mirou nos funcionários da chancelaria brasileira.
— O Itamaraty tem sido um poder dentro do poder no Brasil há muitos anos. Sempre conspirou contra a Venezuela. É uma chancelaria muito ligada ao Departamento de Estado americano, desde a época do golpe de Estado contra João Goulart — disse.
Antigo aliado de Maduro e de seu antecessor Hugo Chávez, Lula distanciou-se do presidente venezuelano após a reeleição polêmica deste último, em julho, que a oposição venezuelana denunciou como fraudulenta.
O veto respondeu a uma "quebra de confiança", explicou o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial da Presidência, ao jornal O Globo.
No último sábado, o procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, questionou o acidente doméstico sofrido por Lula, que chamou de "álibi" para justificar a ausência do brasileiro na reunião do bloco.
— Não me pronuncio sobre esse tema. Cabe aos médicos e ao presidente Lula falar — disse Maduro.
— Devemos esperar resultados dos nossos próprios esforços, nunca depender de ninguém, seja quem for. Não dependemos do Brasil para nada, nem de ninguém — ressaltou o presidente venezuelano, que indicou que continuará insistindo na entrada da Venezuela no Brics.