Com ventos de 205 km/h, o furacão Milton tocou o solo da Flórida por volta das 21h30min de quarta-feira (9), no horário de Brasília, de acordo com o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em ingês). Em comunicado, o condado de St. Lucie, no leste da Flórida, confirmou nesta quinta-feira (10) quatro mortes.
O fenômeno chegou na categoria 3, mas foi perdendo força e enfraqueceu para a categoria 1, com ventos de 145 km/h. Na madrugada desta quinta (10), já deixava a região de Tampa rumo a Orlando.
O furacão provocou inundações em diversas cidades antes de tocar o solo e reduzir sua força.
Mais de 3 milhões de casas na Flórida estão sem eletricidade devido à passagem de Milton, que chega apenas duas semanas após o fenômeno Helene devastar a Flórida e outros Estados do sudeste, deixando pelo menos 236 mortos.
— O vento foi a coisa mais assustadora porque os prédios se moviam e as janelas faziam barulho, embora fossem à prova de tempestades — disse Carrie Elizabeth, moradora de Sarasota, nesta quinta-feira.
O presidente dos EUA, Joe Biden, repetiu em diversas ocasiões que Milton tinha força para se tornar "a pior tempestade na Flórida em um século".
Acompanhada por "ventos extremos" e chuvas fortes, a mega tempestade causou inundações "instantâneas" na chegada, afirmou o relatório do NHC.
Também provocou tornados antes de atingir o centro e sul do Estado, segundo o Weather Channel.
Pouco antes de Milton chegar ao continente, o governador da Flórida, Ron DeSantis, pediu aos habitantes do Estado que "ficassem dentro de casa e longe das estradas".
Milton deve se mover agora em direção ao Oceano Atlântico. Os aeroportos de Tampa e Sarasota estão fechados até novo aviso.
"Nervoso"
Por onde Milton passou, os moradores confinaram-se antecipadamente, em suas residências ou em centros autorizados.
Antes da tempestade chegar a Tampa, Randy Prior, 36 anos, estava "nervoso".
— Ainda estamos nos recuperando do furacão Helene, que deixou o solo encharcado — disse.
A Flórida, terceiro Estado mais populoso do país e destino turístico frequente, está acostumada com furacões.
Segundo os cientistas, a mudança climática desempenha um papel na rápida intensificação dos furacões, porque as superfícies oceânicas mais quentes liberam mais vapor d'água, o que dá mais energia às tempestades e intensifica os seus ventos.
As chuvas e ventos provocados pelo furacão Helene foram 10% mais intensos devido à mudança climática, segundo um estudo publicado na quarta-feira pela World Weather Attribution (WWA).
Eleições e teorias da conspiração
O presidente Biden foi informado sobre os "impactos iniciais" do Milton, segundo a Casa Branca, já que a resposta do governo democrata será acompanhada de perto pelos republicanos a quatro semanas da eleição presidencial.
Donald Trump e seus aliados republicanos de extrema direita fizeram dos desastres de Helene e Milton um tema de campanha.
Rapidamente se propagaram teorias da conspiração sobre o impacto do governo no clima e desinformação sobre o suposto fracasso do governo Biden e da candidata democrata, Kamala Harris, em sua resposta à emergência.
"O oeste da Carolina do Norte, e todo o estado, aliás, foram totalmente e incompetentemente mal administrados por (Kamala) Harris e Biden. Aguente firme e vote para que esses horríveis 'funcionários públicos' saiam do cargo", disse Trump na quarta-feira em sua rede Truth Social.
Harris provocou Trump em um programa de TV na noite de terça-feira (8):
— Você não tem empatia pelo sofrimento das pessoas?