Após dar à luz na véspera de natal, uma brasileira e seus três filhos foram autorizados a deixar a Faixa de Gaza nesta quarta-feira (7). A família foi incluída na lista de pessoas autorizadas a deixar a região de guerra no Oriente Médio.
Agora, todos eles estão abrigados na cidade de Rafah, perto da fronteira com o Egito, em uma residência alugada pelo governo brasileiro e têm recebido recursos para compra de água, alimentos e remédios.
Segundo informou o Escritório de Representação do Brasil em Ramala, na Palestina, a mulher, cuja identidade não foi informada, e os filhos de quatro e dois anos não puderam sair antes porque ela estava grávida. Depois que a criança nasceu, no último dia 24 de dezembro, a autorização pôde ser emitida.
— Todos são binacionais (brasileiros-palestinos) e já estavam nas listas anteriores, mas a mãe não pôde viajar porque estava grávida. Agora, o recém-nascido foi adicionado — informou o embaixador Alessandro Candeas, representante do Brasil em Ramala.
A expectativa da diplomacia brasileira é de que a família consiga sair de Gaza nesta quinta-feira (8) rumo ao Cairo, capital do Egito. Em seguida, todos devem embarcar em um voo comercial para o Brasil.
Os últimos brasileiros que deixaram a Faixa de Gaza chegaram ao Brasil no último dia 23 de dezembro. Foram realizadas três operações coordenadas pelo Brasil para retirar nacionais do enclave palestino. Ao todo, 141 brasileiros e parentes conseguiram deixar a zona de guerra com destino ao Brasil.
À espera de aval para sair
Apesar da autorização desta quarta-feira, ainda há brasileiros na Faixa de Gaza que aguardam autorização para sair de lá. O brasileiro Jamal Yousef Temraz, 32 anos, está vivendo em uma tenda junto com palestinos. A família dele já conseguiu sair de Gaza e veio para o Brasil, mas ele não conseguiu autorização para deixar a região.
— Minha família está fora de Gaza, mas eu não consegui até agora. Minha esposa foi machucada por causa da guerra, meu filho tem autismo. Minha família foi para o Brasil, mas até agora eu não consegui por causa da guerra — afirmou Jamal, em vídeo enviado à reportagem.
O palestino naturalizado brasileiro apela para que o governo do Brasil consiga autorização para ele deixar o local.
— Aqui não há segurança, comida não está bem, não tem água. Todo dia, toda hora tem bomba — lamentou.
A reportagem questionou a representação do Brasil na Palestina sobre a situação de Jamal Temraz. O escritório em Ramala informou que vai verificar a situação desse brasileiro. O Itamaraty monitora ainda 19 outros brasileiros em Gaza.
— Quase todos já tiveram autorização, mas não puderam sair por diversos motivos — informou o embaixador Candeas.