A quatro dias do segundo turno das eleições presidenciais na Argentina, o Banco Central iniciou, nesta quarta-feira (15), microdesvalorizações diárias do peso, fazendo com que o preço do dólar oficial passasse de 365,50 pesos para 368,50 pesos. A desvalorização do peso foi de 0,81% no dia.
A medida havia sido antecipada pelo ministro da Economia e candidato presidencial do governo, Sergio Massa, que projetou uma desvalorização mensal de 3% da moeda nacional, conforme a taxa oficial de câmbio.
Massa enfrentará no segundo turno, no domingo, o economista ultraliberal Javier Milei, cuja principal proposta de campanha é dolarizar a economia argentina, juntamente com um ajuste fiscal drástico.
— Isso é melhor em comparação com uma inflação de 35% nos últimos três meses em que o dólar oficial permaneceu estável — disse o economista Martin Kalos sobre as microdesvalorizações.
Em agosto, no dia seguinte às primárias em que Milei foi o candidato mais votado, o governo desvalorizou o peso em cerca de 20%, segundo Massa, cumprindo os acordos do programa de crédito que o país mantém com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de US$ 44 bilhões (R$ 214 bilhões).
Desde então, o dólar oficial permaneceu inalterado, mas a cotação da moeda americana no mercado paralelo e nos chamados "dólares financeiros" continuou subindo.
O "dólar blue", ou informal, cujas oscilações impactam, segundo os economistas, na alta dos preços, subiu 4,8% nesta quarta-feira (15), chegando a 970 pesos por dólar.
O "dólar CCL", acessado comprando títulos com pesos e vendendo-os em dólares no exterior, fechou em 873,80 pesos. O "dólar MEP", obtido comprando ativos em pesos que são posteriormente vendidos em dólares na Bolsa local, fechou em 882,35 pesos.
Milei insistiu nesta quarta-feira, diante de empresários, que a crise econômica do país, com uma inflação anual de 142,7%, mais de 40% de pobreza e reservas internacionais negativas de 11 bilhões de dólares, segundo analistas, precisa de uma "solução de choque".
— Se Milei vencer, é preciso questionar se ele avançará com sua proposta de dolarização: para isso, não há cenário que seja menor que 3 mil pesos por dólar, com risco de hiperinflação — segundo Kalos.