O governo do Sudão declarou o enviado da ONU para o país, o alemão Volker Perthes, como 'persona non grata', anunciou nesta quinta-feira (8) o Ministério das Relações Exteriores.
"O governo da República do Sudão notificou o secretário-geral das Nações Unidas que declarou Volker Perthes (...) 'persona non grata' a partir de hoje", disse o ministério em um comunicado.
Perthes estava nesta quinta na capital da Etiópia, Adis Abeba, para uma série de reuniões diplomáticas, conforme anunciado anteriormente pela ONU no Twitter.
O chefe do exército sudanês e líder de facto do país, o general Abdel Fatah al Burhan, havia exigido a remoção de Perthes, acusando-o de ser responsável pelo conflito que eclodiu em meados de abril entre suas forças e os paramilitares do general Mohamed Hamdan Daglo.
Em uma carta dirigida à ONU, o general Burhan reprovou Perthes por ter "ocultado" em seus relatórios a situação explosiva em Cartum antes do início das hostilidades. Sem essas "mentiras", o general "Daglo não teria iniciado suas operações militares", afirmou.
Após a carta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou sua "total confiança" em relação ao seu enviado.
No início do mês, o Conselho de Segurança prorrogou por seis meses a missão das Nações Unidas no Sudão, com Perthes à frente.
Foi a primeira vez desde sua criação em junho de 2020 que essa missão foi renovada por seis meses, em vez de um ano.
A guerra no Sudão causou mais de 1.800 mortes e quase dois milhões de deslocados, incluindo cerca de meio milhão de refugiados em países vizinhos, de acordo com a ONU.
* AFP