A China iniciou no sábado (8) três dias de exercícios militares ao redor de Taiwan, uma forma de pressão após a reunião da presidente do país insular com o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, um encontro que irritou o governo de Pequim.
Confira a seguir alguns dos principais pontos sobre a operação, que recebeu o nome de "Espada Conjunta".
A operação
A China mobilizou um grande dispositivo militar ao redor de Taiwan como "uma advertência severa contra o conluio entre as forças separatistas que buscam a independência de Taiwan e as forças externas", afirmou no último sábado o porta-voz do exército chinês, Shi Yin.
As manobras incluem patrulhas e "simulações de ataques de precisão contra alvos cruciais", para criar uma "dissuasão em um cerco total" da ilha, informou o canal estatal chinês CCTV.
A operação inclui dezenas de aviões de combate J-18 e J-10C, aeronaves antissubmarinos, sistemas lança-foguetes PHL-191 e mísseis terrestres antinavios YJ-12B, também segundo a imprensa chinesa.
O ministério da Defesa de Taiwan detectou no domingo (9) 11 navios de guerra e 70 aviões chineses ao redor da ilha, depois de registrar o mesmo número de navios e 71 aviões no sábado.
O que a China pretende?
A China considera a ilha de Taiwan, de 23 milhões de habitantes, uma de suas províncias que ainda não conseguiu reunificar com o restante do território desde o fim da guerra civil em 1949. O governo de Pequim se opõe a qualquer contato oficial entre Taipé e governo estrangeiros.
Após a reunião de quarta-feira (5) entre a presidente taiwanesa Tsai Ing-wen e o presidente da Câmara de Representantes norte-americana, Kevin McCarthy, Pequim prometeu uma resposta dura.
As manobras militares são parte de uma campanha mais ampla de "pressão contra Taiwan", explica à reportagem Ja Ian Chong, professor de Ciências Políticas na Universidade Nacional de Singapura.
— Os encontros de alto nível permitem que Pequim culpe Taipé, Washington ou outros — considera Chong.
Por que agora?
Pequim aguardou o retorno de Tsai a Taiwan e o fim da visita à China do presidente francês, Emmanuel Macron, e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para iniciar a operação "Espada Conjunta".
Para James Char, especialista no exército chinês da Universidade de Tecnologia de Nanyang, em Singapura, isso mostra que a China está tentando "reativar" as relações com a Europa.
Contudo, uma operação militar contra Taiwan "será prejudicial para a abertura diplomática", acredita Char.
Quais as diferenças para manobras anteriores?
Os exercícios lembram os que aconteceram em agosto de 2022 em resposta à visita à ilha de Nancy Pelosi, antecessora de McCarthy na presidência da Câmara dos Representantes, a segunda autoridade americana na linha de sucessão presidencial.
Pequim executou manobras com munição real a 10 quilômetros da costa de Taiwan, em exercícios similares para cercar a ilha que duraram uma semana.
Desta vez, a China anunciou exercícios com munição letal perto das costas de Fujian (leste), a província do país que fica diante de Taiwan.
A operação "Espada Conjunta", no entanto, parece que "não tem a mesma dimensão das manobras observadas após a visita de Pelosi" à ilha, que é considerada por Pequim como seu próprio território, destaca Manoj Kewalramani, analista do Instituto Takshashila, de Bangalore.
A situação econômica depois de três anos de Covid-19 e a importância estratégica de Taiwan também podem ter influenciado, de acordo com Su Tzu-yun, analista militar do Instituto de Pesquisa sobre Defesa e Segurança Nacional de Taiwan.
— A restauração das rotas aéreas e marítimas de Taiwan este ano é muito importante para a retomada econômica dos países vizinhos e da própria China e, portanto, as manobras militares não devem ser intensificadas — ressaltou.