Uma Bíblia considerada pelos historiadores como a mais antiga do mundo escrita em língua hebraica está prevista para ser leiloada em maio pela famosa casa de leilões Sotheby's International Realty. A notícia foi confirmada na última semana pela instituição. Com informações do The New York Times.
Conforme divulgou a Sotheby's, a estimativa é de que o livro sagrado, conhecido como Codex Sassoon, seja leiloado por um valor entre US$ 30 milhões (R$ 157,5 milhões) e US$ 50 milhões (R$ 262,5 milhões). Se a obra for arrematada por um preço superior a US$ 43,2 milhões (R$ 226,8 milhões), pago pelo investidor Ken Griffin pela primeira impressão da Constituição dos Estados Unidos, isso a tornará o livro ou documento histórico mais caro já vendido.
Segundo a casa de leilões, a Bíblia mede cerca de 30 por 35 centímetros e tem um peso de 12 quilos. Além disso, o livro conta com uma encadernação de couro marrom que data do século 20. Na lateral da obra, está escrito "1053", em referência ao número de catalogação do colecionador britânico David Solomon Sassoon, que a comprou em 1929.
A história da Bíblia hebraica
Pesquisadores estimam que o livro sagrado, que tem leilão programado para maio, foi escrito há 1,1 mil anos por algum escriba que habitava a atual região da Síria ou de Israel. A obra foi escrita em aproximadamente 400 grandes folhas de pergaminho.
A Bíblia circulou por diversos lugares até que foi parar em uma sinagoga no nordeste da Síria. Nos séculos 13 e 14, o local foi destruído e, com isso, ficou sob a responsabilidade de Salama bin Abi al-Fakhr, que deveria devolvê-lo assim que a sinagoga fosse reconstruída. A partir desse evento, a obra foi considerada como desaparecida.
Em 1929, o paradeiro da Bíblia foi descoberto, quando ela apareceu à venda em Frankfurt, na Alemanha. Nesse mesmo ano, o colecionador e estudioso britânico David Solomon Sassoon a comprou por 350 libras esterlinas.
Em 1978, o British Rail Pension Fund comprou a Bíblia dos herdeiros de Sassoon por US$ 320 mil. Transcorridos 11 anos, o Fundo Britânico vendeu o livro sagrado em um leilão por US$ 3,19 milhões.
Depois da última venda, o paradeiro da Bíblia continuou como um mistério, até que ela foi vista em um museu britânico em 1982.
O último proprietário do livro sagrado de que se tem registro foi o financista e colecionador suíço Jacqui Safra, sobrinho de Edmond Safra, famoso banqueiro judeu-sírio naturalizado brasileiro.
Atualmente, o Codex Sassoon está exposto na sede da casa de leilão Sotheby's em Manhattan, nos Estados Unidos, sob os cuidados de Sharon Liberman Mintz, consultora sênior de Judaica da instituição.
O que torna essa Bíblia tão importante para colecionadores e estudiosos é o fato de ser considerada como quase completa, reunindo os principais textos sagrados da época.
Além do Codex Sassoon, existem outras duas bíblias hebraicas consideradas como as mais antigas: o Aleppo Codex, escrito por volta de 930 e mantido atualmente no Museu de Israel (estima-se que faltam dois quintos de suas páginas), e o Código de Leningrado, que data de 1008 e se encontra na Biblioteca Nacional da Rússia. Acredita-se que este último esteja completo.