No longo caminho percorrido a cavalo até a antiga Pérsia, Alexandre, o Grande, e sua legião pararam diversas vezes. Alexandre, então, mais de 300 anos antes de Cristo, era o poderoso Rei da Macedônia e almejava conquistar o Império Persa, comandado por Dario. Com isso, tornaria a sua Macedônia o maior império do mundo.
Alexandre, mais tarde, abocanhou a Pérsia até com certa facilidade. Entre suas inúmeras paradas, uma delas foi na cidade de Biblos, onde hoje é o Líbano (e não a atual Turquia, como eu escrevi aqui na sexta passada em ZH. Uma pequena imprecisão geográfica que não comprometeu o tema central da crônica, que tratava de censura, mas remoí com pesar, pois eu sou muito criterioso nas referências históricas).
Biblos deu origem, mais tarde, à Bíblia, o livro sagrado. Por quê? Primeiro, claro, pelo nome Biblos. Segundo e mais importante, porque a cidade era famosa e tinha estrutura para comercializar o pergaminho grego – ela havia se valido da Guerra de Troia para manter relações comerciais com os gregos. O pergaminho era mais resistente e tinha mais vantagens do que o papiro, usado pelos egípcios.
Nos primórdios, a Bíblia era escrita à mão e o pergaminho era enrolado. Biblos se notabilizou por ter papel de altíssima qualidade, algo não natural num período de guerras e conflitos, em que as cidades eram lembradas por motivos bem menos nobres. Alexandre, por exemplo, morreu na Babilônia, que entrou para a história por seus famosos jardins e foi palco do florescimento de inúmeras civilizações. Morreu não em batalha, como se poderia imaginar, pois passava o tempo todo guerreando, mas provavelmente doente.
Voltemos à Bíblia. Ela só passou a ser impressa como livro massificado com a invenção da tipografia por Gutenberg, em meados do século 15. A Bíblia foi o primeiro livro a ser impresso no mundo ocidental nos tipógrafos de Gutenberg, em 1459. No começo, as máquinas não rendiam o que seu criador esperava, mas foi só começar a imprimir o livro sagrado para o dinheiro surgir em profusão.
Enfim, eu não conseguiria liquidar o assunto da Bíblia em uma coluna. Encerro com duas informações que dão a dimensão do que estamos falando. A Bíblia Sagrada é o livro mais censurado da história e o mais popular em vendagem.