Um empresário de Porto Alegre está empenhado física e financeiramente para chegar à cura do câncer da cabeça em crianças. É um projeto inovador e que vai representar muito para a saúde mundial. Com a Medullobastoma Initiative (MB Initiative), Fernando Goldzstein conseguiu arrecadar em menos de dois anos cerca de US$ 7 milhões (metade do próprio bolso) para financiar pesquisas nos Estados Unidos.
O objetivo é chegar a US$ 15 milhões. Fernando é humilde demais para contar os detalhes e não parecer autocongratulação. Mas eu posso falar e vou.
Foi um caso na família que mobilizou o empresário. Ele descobriu que não havia protocolo de tratamento para os pacientes de meduloblastoma recorrente que se desenvolveu em 25 mil crianças em um ano. Dados apontam que 10 mil morreram sem muita esperança. Isso já acontece há mais de 30 anos.
Não sou criança há muito tempo, mas, adulto, descobri o mesmo tumor na cabeça. Sou um dos salvos, graças à ciência, aos bons profissionais e ao bom hospital. Vi muitas crianças pelo longo caminho que percorri e nada mais comovente do que os pequeninos padecendo.
Em setembro de 2022, a renomada revista americana Nature publicou os achados da pesquisa que está perto da receita para combater o câncer. O trabalho é financiado pela iniciativa do empresário porto-alegrense e endossado por especialista brasileiro. O oncologista André Fay atesta que estas pesquisas vão encontrar a cura.
O financiamento da Medullobastoma Initiative paga as pesquisas em 11 hospitais diferentes pelo mundo: oito nos EUA, dois no Canadá e um na Alemanha, todos capitaneados pelo médico americano Roger Paker, considerado o papa da oncologia pediátrica. Fernando, de 56 anos, diz que mesmo alcançando sucesso na cura deste tipo de câncer, não vai parar por aí.
A explicação para o investimento na pesquisa fora do Brasil é elementar: nos outros países já existem investigações em andamento, os laboratórios são mais bem equipados e os pesquisadores estão mais acostumados à filantropia. Fernando tem tudo na memória. Nos Estado Unidos, de cada dólar investido no combate ao câncer, 96 centavos são para tipos que atingem adultos e apenas quatro para doenças em crianças. O oncologista André Fay garante que o estudo poderá ser usado para o tratamento em qualquer parte do mundo, inclusive no Brasil.