O jornalista Bill Bufford escreveu um livro muito interessante chamado Entre os Vândalos. Bufford passou anos infiltrado nos hooligans — os truculentos e baderneiros torcedores de futebol britânicos — para entender melhor a violência que praticavam e que atormentava a Europa, muito além da Inglaterra, já que os times jogavam torneios internacionais.
Bufford viajou com as torcidas, bebeu nos mesmos pubs, vestiu a camiseta, agiu como os baderneiros. Por isso, sabe o que fala e o que escreve. Ele constatou, entre outras coisas, o velho e conhecido “efeito manada”. Foi isso e mais um pouco o que aconteceu neste domingo (8) em Brasília. Quem foi para a capital federal sabia que ia se meter em confusão. Não foi preciso nem grito de guerra para estimular a manada. Foram para destruir, depredar e acossar.
Todo mudo tem o direito de se manifestar contra ou a favor de um processo eleitoral. Mas é evidente que não houve “roubo” na eleição e essa não é a razão para o que foi feito neste domingo. E as pedras de Brasília sabiam que toda aquela gente se movimentando para lá não iria se reunir para aplaudir alguém.
Será que essas pessoas que pedem intervenção militar sabem o que é viver numa ditadura? Será que sabem que, numa ditadura, não existe protesto? Na era da imagem, está tudo devidamente documentado e deverá ser mais fácil identificar os vândalos.
Depois do livro de Bill Buford, o hooliganismo perdeu espaço porque as autoridades agiram com força bruta contra os vândalos. Espero que os terroristas sejam presos, julgados e punidos para servirem de exemplo. E o 8 de janeiro não se repita.