Sob os pretextos da padronização e mais segurança, as placas dos veículos passaram a se chamar placas do Mercosul em 2017. Não mudou apenas o nome. A nova placa, paga pelos motoristas, seria mais cara por supostamente ser mais segura e igual às dos países limítrofes com o Brasil. A mova medida valeu para todo o país. Quando assumiu o cargo, Jair Bolsonaro prometeu barrar a nova placa. Mas na barafunda bolsonarista, a promessa se esvaiu e nunca mais voltou à tona. Muita gente já tinha adquirido. A única coisa que Bolsonaro fez foi limitar o uso aos veículos novos ou transferidos.
Agora, cinco anos depois de criadas, e três depois da obrigatoriedade, as placas do Mercosul são vistas em grande quantidade entre os veículos brasileiros. Não são mais seguras, tampouco iguais. A do Brasil é diferente da do Uruguai, que é diferente da da Argentina que, claro, difere da brasileira. Ou seja, a padronização ficou para as calendas gregas.
A placa do Mercosul brasileira é configurada pela sequência de três letras, um número, mais uma letra e, por fim, dois números. A do Uruguai tem três letras seguidas de três números. A da Argentina começa com duas letras, seguem-se três números e duas letras. Ou seja, tem qualquer coisa, menos padronização. A resolução que determinou a adoção das placas deixou livre para cada país misturar letras e números ao bel-prazer. A dita padronização, portanto, já começou errada.
A fiscalização nas estradas brasileiras, por exemplo, é prejudicada porque, entre outras coisas, os guardas têm dificuldade para gravar a sequência de letras e números sem coerência com a da placa brasileira.
Inicialmente, se previa a colocação de um chip para poder rastrear o veículo, o que não aconteceu. A nova placa não tem a segurança que prometia. O lacre da placa antiga deu lugar a um QR-Code, o que também não aumenta a segurança.
Em dezembro de 2022, houve uma reunião com representes de órgãos de fiscalização de trânsito de todo o Brasil que reforçaram: a nova placa está longe da unanimidade. Estou inclinado a acreditar numa frase clichê da qual nem gosto muito, mas que é real: alguém está ganhando dinheiro com isso. E não são os motoristas.