Existem casos de livros cuja história por trás da publicação é tão ou mais interessante do que a obra em si. O périplo até chegar à publicação é longo. Em outros casos, o próximo livro do autor consagrado é sempre o mais aguardado.
Um dos livros com história tortuosa é O Mestre e a Margarida, de Mikahil Bulgakov, autor perseguido pelos soviéticos. O Mestre foi seu último romance, uma obra póstuma do autor que passou anos escrevendo e escondendo o manuscrito no forro das paredes de casa, pois se trata de uma sátira ao regime de terror dos soviéticos, quando famílias dividiam casas e apartamentos e intelectuais desapareciam como se nada tivesse acontecido, levados à morte ou ao Gulag pelos capangas de Joseph Stalin. Não foi uma, foram duas vezes que li . Uma, a primeira vez, a versão inglesa para ler o prefácio e a tradução de Richard Pevear. Quando saiu em português, corri para comprar. Por quê? O livro é bom. Mas, certamente, eu não compraria dois exemplares não fosse um livro censurado.
A livraria Strand, em Nova York, mantém uma sessão de livros “banidos”. Exemplares que governos pelo mundo rejeitaram. São livros de países que adoram uma censura: União Soviética, Irã, Cuba, Zimbábue.
A própria Bíblia Sagrada é um dos livros mais censurados do mundo. Aliás, o nome tem origem na cidade de Biblos, onde hoje é o LÍbano. Lá era comercializado o pergaminho grego – mas esta é uma outra história.
No século 19, o governo da Carolina do Sul, Estado dos Estados Unidos, censurou a leitura pelos negros escravos que podiam ficar sujeitos a textos abolicionistas. Grande bobagem, eles liam escondidos. Em 1939, os alemães nazistas queimaram 20 mil livros considerados ofensivos. Numa fogueira enorme, jogaram milhares de exemplares às chamas, entre os autores: Thomas Mann, Ernest Hemingway, Marcel Proust e John Steinbeck. Queimar é pior do que censurar, que já é condenável. Queimar é dar fim. Mais tarde, dois autores, Hemingway e Steinbeck, ganharam o Nobel de Literatura.
Censurar é um erro. Acontece exatamente o contrário do esperado. Quando existe censura, vou em busca de informações sobre o penalizado. Censores, cuidado, é tiro no pé atacar livros e a liberdade. Sobre isso, Albert Einstein proferiu uma frase importante e marcante: “Liberdade de ensino de expressão em livros ou na imprensa é a base do desenvolvimento saudável e natural de qualquer povo”.