O Peru registra protestos desde 7 de dezembro, quando o então presidente do país, o esquerdista Pedro Castillo, foi destituído após uma tentativa fracassada de autogolpe. Em uma retrospectiva dos fatos, confira a cronologia da nova crise política em solo peruano:
7 de Dezembro: aposta pela dissolução do Congresso
- Em 7 de dezembro, Castillo, de 53 anos, anuncia a dissolução do Congresso. O anúncio ocorreu horas antes de o Parlamento debater uma terceira tentativa de impeachment contra ele.
- A vice-presidente do Peru, Dina Boluarte, denunciou Castillo por tentativa de "golpe de Estado".
7 de dezembro: impeachment, Boluarte assume
- Os congressistas ignoram a tentativa de Castillo de dissolver o Congresso e votam por esmagadora maioria por destituí-lo do cargo por "incapacidade moral" para exercer o poder.
- Castillo é detido, acusado de "rebelião".
- Boluarte, uma advogada de 60 anos, se torna a primeira presidente mulher do Peru. A nova presidente diz que tem a intenção de cumprir o restante do mandato de Castillo, até julho de 2026.
- Centenas de manifestantes, alguns a favor e outros contra o presidente deposto, tomam as ruas de Lima.
8 de dezembro: Suprema Corte
- Os Estados Unidos elogiam o Peru por garantir a "estabilidade democrática" e se comprometem a trabalhar com Boluarte.
- Castillo se apresenta à Suprema Corte por videoconferência. O juiz ordena que ele permaneça em prisão preventiva.
10 de dezembro: aumento das manifestações
- As manifestações a favor de Castillo aumentam em todo o país com bloqueios de estradas e queima de pneus.
- Boluarte apresenta um novo gabinete de perfil tecnocrático e independente, chefiado pelo ex-procurador Pedro Angulo.
11 de dezembro: dois manifestantes mortos
- Os protestos se tornam sangrentos depois que duas pessoas morrem e pelo menos cinco ficam feridas em Andahuaylas, no sul do país, quando manifestantes tentam tomar o aeroporto da cidade.
- Os protestos aumentam, em especial em cidades andinas e do norte do país.
12 de dezembro: sete mortos em dois dias
- Boluarte decreta 30 dias de estado de emergência em algumas regiões.
- Sete pessoas morrem em dois dias de protestos.
- Centenas de manifestantes bloqueiam temporariamente a pista do aeroporto de Arequipa, a segunda maior cidade peruana.
13 de dezembro: Castillo permanece preso
- O serviço de trens entre a cidade de Cusco e a cidadela inca de Machu Picchu é suspenso.
- Os procuradores pedem que Castillo seja mantido em prisão preventiva por 18 meses.
- Manifestantes radicais e policiais se enfrentam em Lima, enquanto sindicatos agrários e indígenas iniciam uma "greve por tempo indeterminado", exigindo eleições gerais.
14 de dezembro: emergência nacional
- O governo de Boluarte declara estado de emergência em nível nacional por 30 dias.
20 de dezembro: aprovação parlamentar
- O Parlamento aprova antecipar as eleições para abril de 2024. Prevê que Dina Boluarte ceda seu posto em julho de 2024 ao vencedor das eleições presidenciais.
10 de janeiro: investigação por "genocídio"
- O Ministério Público decide abrir uma investigação por "genocídio" contra Boluarte e várias outras autoridades pela repressão às manifestações.
19 de janeiro: mais violência nas ruas
- Violentos confrontos eclodem no centro da capital durante uma grande manifestação.
- Os protestos se estendem a outras partes do país. Distúrbios levam ao fechamento do complexo turístico de Machu Picchu, a cidadela inca, que passa a abrir somente nos finais de semana.
- No dia 24, Lima é palco das manifestações mais violentas desde o início da crise. Dois dias depois, o governo determina que a polícia e o Exército desbloqueiem as vias.
- Em 28 de janeiro, o Parlamento rejeita uma nova proposta de Dina Boluarte de antecipar as eleições para o final de 2023.
- Neste dia, a primeira morte é registrada em Lima em novos confrontos que elevaram a 48 o total de mortos.