Um ex-soldado soviético, que decidiu permanecer no Afeganistão quando o Exército Vermelho se retirou do país após uma década de ocupação, em 1989, faleceu - informaram autoridades locais nesta quarta-feira (28).
Bakhretdin Khakimov, na casa dos 60 anos e conhecido como Sheikh Abdullah depois de se converter ao Islã, morreu em Herat (oeste), envenenado por monóxido de carbono de um vazamento em um aquecedor.
"Morreu por inalar o gás que sai dos aquecedores", disse à AFP o diretor do departamento forense de Herat, Ahmad Shah Mushfiq, descartando circunstâncias suspeitas.
O porta-voz do governo, Zabihullah Mujahid, ofereceu suas condolências à família de Abdullah.
"Ele chegou ao Afeganistão com as ex-forças soviéticas e foi feito prisioneiro", disse Mujahid em um tuíte.
"Mais tarde, se tornou muçulmano, se casou aqui e viveu em Herat", acrescentou.
Abdullah era um oficial da ala de Inteligência militar das tropas soviéticas, que ocuparam o Afeganistão por uma década, a partir de 1979.
Ele foi ferido em combate por volta de 1985, na cabeça, como ele mesmo contou em entrevista à AFP, em 2015. Disse dever sua vida a seus inimigos afegãos, que o encontraram e trataram dele.
"Sinto muita vergonha porque prejudiquei este país e causei perdas ao povo", disse, à época.
"Fiquei no Afeganistão, porque os afegãos são pessoas muito amáveis e hospitaleiras", disse ele.
Em seus últimos anos, barbudo e, em geral, vestido com os tradicionais trajes afegãos, Abdullah trabalhou em um museu em Herat e também como curandeiro.
"Era um bom homem, um bom muçulmano", disse à AFP seu amigo Saeed Ghulam Hassan.
Depois de invadir o país na véspera de Natal de 1979, o Exército Vermelho se retirou uma década depois, tendo perdido quase 15.000 soldados na luta contra as forças mujahedine apoiadas pelo Ocidente. Isso precipitou uma guerra civil que deu origem aos talibãs e a sua primeira etapa no poder, de 1996 a 2001.
* AFP