
A Rússia lançou, nesta segunda-feira (31), um ataque maciço a instalações energéticas em várias regiões da Ucrânia, eixando sete províncias sem luz e quase toda a população da capital Kiev sem água.
— Terroristas russos lançaram, mais uma vez, um ataque maciço contra instalações do sistema de energia em várias regiões — declarou Kyrylo Tymoshenko, conselheiro da Presidência ucraniana.
O Exército detalhou em um aplicativo de mensagens que foram lançados mais de 50 mísseis contra infraestruturas essenciais do país e que 44 deles foram derrubados. "Atualmente, em Kiev, 80% dos habitantes não têm água e engenheiros trabalham para restabelecer a eletricidade em uma instalação danificada que abastece cerca de 350 mil lares da cidade", informou o prefeito Vitali Klitschko, em mensagem.
A Rússia confirmou que atingiu as instalações energéticas na Ucrânia com "armas de alta precisão" e que "todos os alvos designados foram alcançados", segundo o Ministério da Defesa.
O primeiro-ministro Denys Shmyhal afirmou que houve cortes de eletricidade em "centenas" de localidades de sete províncias ucranianas, após ataques semelhantes ocorridos na capital. O chefe da polícia nacional, Ihor Klymenko, declarou ao site de notícias UkrainskaPravda News que 13 pessoas ficaram feridas nos ataques.
— Em vez de lutar no terreno militar, a Rússia está lutando contra os civis — criticou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
Em Kiev, foram ouvidas ao menos cinco explosões, segundo jornalistas da AFP. Mila Ryabova, uma moradora de Kiev de 39 anos, contou aos correspondentes que acordou com o barulho de fortes explosões.
— Estamos preocupados e estamos falando em deixar o país porque um inverno frio nos espera. Pode ser que não tenhamos eletricidade nem calefação, o que seria difícil de lidar, especialmente com um filho pequeno — disse.
Os bombardeios acontecem após a Rússia anunciar, no fim de semana, a suspensão de sua participação no acordo para exportar cereais ucranianos, que estava aliviando a crise alimentar mundial. O Kremlin advertiu que seria "perigoso" e "difícil" manter o acordo sem sua participação, já que não pode garantir a segurança de navegação para os navios de carga.
Mesmo após o anúncio oficial de abandono do pacto, dois navios carregados com grãos e outros produtos agrícolas partiram dos portos ucranianos, de acordo com um site de tráfego marítimo.
Citando o procurador-geral Anatoly Kostin, a agência Interfax-Ucrânia denunciou que 9,4 mil crianças foram deportadas da Ucrânia pela Rússia.
— Consideramos esses fatos como um crime de guerra e genocídio — disse