A suspensão, por parte da Rússia, de sua participação em um acordo histórico que permitiu as exportações vitais de cereais provenientes da Ucrânia equivale a "transformar os alimentos em armas", expressou no sábado (29) a Casa Branca.
"A Rússia está novamente tentando usar a guerra que começou como um pretexto para transformar os alimentos em armas, impactando diretamente as nações necessitadas e os preços mundiais dos alimentos, e exacerbando as crises humanitárias e a insegurança alimentar que já são graves", disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, em um comunicado.
O presidente Joe Biden classificou como"simplesmente indignante" a suspensão do acordo por Moscou. O pacto havia sido anunciado como fundamental para aliviar a crise alimentar mundial causada pela invasão russa de Ucrânia.
Sobre a suspensão
A Rússia suspendeu neste sábado (29) sua participação no acordo que permite a exportação de cereais dos portos ucranianos, essenciais para a segurança alimentar mundial, depois de denunciar um ataque a seus navios na Crimeia e atribuí-lo à Ucrânia e ao Reino Unido.
A interrupção ocorreu por causa da "ação terrorista do governo de Kiev com participação de especialistas britânicos contra a frota do mar Negro e contra navios civis que fornecem segurança aos corredores de grãos", informou o Ministério da Defesa russo no Telegram.
O acordo entre Kiev e Moscou, selado com a mediação das Nações Unidas e da Turquia, permitiu exportar milhões de toneladas de grãos bloqueados nos portos ucranianos desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro. O bloqueio elevou os preços dos alimentos em todo o mundo e aumentou o medo da fome.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, denunciou que Moscou estava usando "um falso pretexto" e instou a comunidade internacional a "exigir que a Rússia acabe com seus jogos da fome e se comprometa a respeitar suas obrigações".
A ONU considerou "vital que todas as partes se abstenham de qualquer ação que possa colocar em risco" um acordo que tem um "impacto positivo" na distribuição de alimentos no planeta.