Não há direção que se olhe sem ver alguém com flores nas mãos. A quantidade de pessoas caminhando com homenagens à rainha Elizabeth II impressiona. No metrô, nas ruas, nos parques, em qualquer bairro.
Mas não é tarefa fácil entregar flores no palácio onde morava a rainha. Neste sábado (10), a área começou a ser cercada e preparada para quando o corpo da monarca chegar — o que está previsto para terça-feira (13)— e, por isso, o acesso de pessoas até a frente de Buckingham está bem mais limitada.
Com mais gente disposta a ir até o castelo e menos espaço, o resultado é simples: não há como chegar lá na frente, a não ser que se fique esperando muitas horas. Tanto é que ambulâncias e equipes médicas socorrem quem passa mal no local.
Neste sábado o tempo está mais fresquinho aqui, o vento está até um pouco gelado. Mas no meio da multidão, fiquei todo suado, igual a todos que estavam ali. Há muitos idosos nessa peregrinação, e também famílias cheias de crianças. Certamente, não é um passeio recomendado para uma tarde de sábado.
Há que se destacar ainda o efeito dessa dificuldade. Sem acessar a frente do palácio, os súditos improvisaram. Flores passaram a ser depositadas em estátuas e parques da cidade, até mesmo em estátuas aleatórias. O que vale é a intenção, não é mesmo?
A toda hora dá pra perceber que a cidade se prepara para o funeral. As bandeiras com cordões pretos estão sendo instaladas por todas avenidas onde passará o corpo da rainha. Grades de isolamento chegam a todo instante, aumentando ainda mais as restrições de acesso. Banheiros químicos também estão sendo instalados.
No domingo (11), a mobilização deve ser grande na Escócia, já que o corpo de Elizabeth II será transferido do Castelo de Balmoral para a residencia oficial da monarquia em Edimburgo. Na segunda-feira (12) o corpo seguirá para a catedral da cidade, que é bem menor do que Londres, com cerca de 500 mil moradores.
E é pra lá que eu estou indo. Amanhã pego um trem ainda pela manhã, com cinco horas de viagem pela frente. Consegui um dos últimos bilhetes dessa linha.
Edimburgo, inclusive, também já está preparada para a movimentação intensa — e por lá as ruas são bem mais estreitas, devido à arquitetura medieval.