Um dia após completar 18 anos, Salvador Ramos, da pequena localidade de Uvalde, no Texas, comprou seu primeiro rifle de assalto. Três dias depois, comprou o segundo e mais 375 cartuchos de munição.
Uma semana depois, ele entrou em uma escola local de ensino fundamental, onde atirou e matou 19 crianças e duas professoras. O crime ocorreu na última terça-feira (24).
Veja o que se sabe até o momento sobre o ataque:
Quem era o atirador?
Salvador Ramos foi vítima de bullying no colégio, tinha dificuldades em casa e um histórico de automutilações, segundo familiares ouvidos por jornais locais. A conta dele no Instagram, agora removida, mostrava fotos de um jovem com cabelo nos ombros e olhos fechados. O perfil também incluía imagens de dois rifles semiautomáticos e um carregador de pistolas.
As autoridades ainda estão tentando determinar, contudo, o que levou Ramos a cometer o pior massacre escolar dos Estados Unidos em uma década.
Como foi o ataque?
O governador do Texas, Greg Abbott, afirmou que o adolescente, um desertor da escola secundária, sem antecedentes criminais, publicou na terça-feira (24) pela manhã três mensagens no Facebook anunciando seus planos. Na primeira, advertiu que iria atirar em sua avó, com quem vivia.
Abbott afirmou que Ramos feriu a mulher de 66 anos no rosto, mas ela conseguiu telefonar para a polícia e foi transferida de avião, em estado crítico, para um hospital nas proximidades de San Antonio, cerca de 130 quilômetros a oeste de Uvalde.
Após confirmar em uma segunda mensagem no Facebook que havia atacado a avó, Ramos publicou uma terceira, dizendo que o próximo alvo era uma escola de ensino fundamental. Ele dirigiu então um pouco mais de 3 quilômetros e terminou colidindo perto da Robb Elementary School, onde os mais de 500 estudantes da segunda à quarta série, com idades entre sete e 10 anos, estavam a apenas três dias das férias de verão.
Vestido de preto e com um colete à prova de balas, Ramos foi confrontado por um funcionário escolar, mas conseguiu entrar no edifício por uma porta traseira. Depois, se dirigiu a duas salas contíguas.
— Ali foi onde começou a carnificina — disse Steve McCraw, diretor do Departamento de Segurança Pública do Texas.
Como o atirador foi parado?
A polícia chegou ao local do massacre em resposta a um relato de um veículo acidentado. Ao ouvir os disparos provenientes da escola, os agentes correram para dentro do recinto e foram atacados por disparos. Alguns policiais começaram a quebrar as janelas e a retirar crianças e funcionários.
A polícia ajudou a parar o atirador com uma equipe tática que incluía agentes da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos, que tem uma unidade nesta cidade situada a apenas 100 quilômetros da fronteira com o México.
— Ao entrar no edifício, os policiais e outros agentes trocaram tiros com o agressor, que estava entrincheirado — disse Marsha Espinosa, porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
— As forças de segurança se interpuseram entre o atirador e as crianças para desviar a atenção dele das possíveis vítimas — explicou.
Foram mais de 30 minutos desde que Ramos entrou na escola até que um dos agentes da Patrulha de Fronteira finalmente atirou contra ele e o matou.
Só restringir armas não resolve, mas já seria um grande passo para os EUA combaterem epidemia de massacres
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O que se sabe sobre as vítimas?
Ao longo de quarta-feira (25), os familiares dos mortos começaram a identificar as vítimas, conforme iam compartilhando suas dores nas redes sociais.
Entre elas está Xavier López, um menino de 10 anos que afirmavam que adorava dançar. Já Ellie García era a menina "mais feliz do mundo", nas palavras do pai. Amerie Jo Garza, uma menina que acabava de comemorar seu 10º aniversário, foi descrita como uma garota com um sorriso radiante.
A professora Eva Mireles, 44 anos, foi a primeira cuja morte foi confirmada. Ela lecionava havia 17 anos para alunos da quarta série no distrito escolar de Uvalde. Em uma breve biografia postada no site do distrito, foi revelado seu amor por corrida e caminhada, além de também ter "uma família compreensiva, divertida e amorosa" composta por seu marido, sua filha graduada e seus "três amigos peludos".
O sobrinho de Irma Garcia, John Martinez, disse nas redes sociais que ela "morreu como uma heroína". Ela era professora lecionava havia 23 anos, era casada e tinha quatro filhos, segundo o site de notícias Sky News. A família dela está levantando fundos para a realização do funeral.