Vizinha da Rússia, a Finlândia decidiu solicitar adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O anúncio foi feito neste domingo (15) pelo presidente Sauli Niinistö e pela primeira-ministra Sanna Marin.
O Parlamento da Finlândia deve examinar na segunda-feira (16) o projeto de adesão, mas analistas consideram que a grande maioria dos congressistas apoia a iniciativa.
— É um dia histórico. Começa uma nova era — declarou o presidente em entrevista coletiva.
A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1,3 mil quilômetros com a Rússia, permaneceu como um país não alinhado à Otan durante 75 anos. No entanto, depois que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, em fevereiro, o consenso político e a opinião pública se inclinaram a favor da adesão à Otan.
Desde o ano passado, Moscou tem aumentado a presença militar e exercícios das tropas russas no Mar Báltico, para onde boa parte do território sueco e a costa oeste da Finlândia e da Rússia têm saída.
O presidente finlandês e a primeira-ministra anunciaram na quinta-feira que eram favoráveis a uma adesão "sem demora" à Aliança Atlântica. No sábado, Niinistö ligou para o colega russo, Vladimir Putin, para comunicar que o país solicitaria a adesão de maneira iminente.
Moscou advertiu em várias ocasiões para as "sérias consequências" se Helsinque e Estocolmo aderissem à Otan. O governo russo afirmou que a adesão da Finlândia ao grupo é "definitivamente uma ameaça para a Rússia", um motivo para arrependimento e razão para o Kremlin impor uma resposta à altura, o que incluiria retaliação militar russa para "impedir ameaças à segurança nacional".
A Suécia, outra vizinha nórdica, anunciou na semana passada que também irá se juntar à Otan.
— A adesão da Suécia à Otan aumentaria o limite para conflitos militares e, portanto, teria um efeito de prevenção de conflitos no norte da Europa — disse a ministra sueca de Relações Exteriores, Ann Linde.
Na quinta-feira (12), o ex-presidente russo e atual número dois do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, afirmou que se a Finlândia e a Suécia aderirem à Aliança Atlântica, Moscou reforçará seus recursos militares, especialmente nucleares, no Mar Báltico e perto da Escandinávia.