O exército russo bombardeou uma escola de arte que abrigava cerca de 400 pessoas na cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia. As informações foram passadas por autoridades locais neste domingo (20), quando o conflito chega a seu 25º dia.
Segundo o governo local, há civis que ficaram presos sob os escombros.
"Ontem (sábado), os ocupantes russos lançaram bombas na escola de arte G12 (...) onde 400 moradores de Mariupol - mulheres, crianças e idosos - se refugiaram", declarou o município da cidade portuária sitiada. "Sabemos que o prédio foi destruído e que pessoas pacíficas ainda estão sob os escombros. O número de vítimas está se tornando claro".
Mariupol, cidade no sudeste da Ucrânia com uma população de 450 mil habitantes antes da guerra, está sob bombardeio pesado há várias semanas pelas forças russas e seus aliados separatistas pró-russos.
O governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, também acusou Moscou de "deportar à força mais de mil moradores de Mariupol" que vivem no leste da cidade para a Rússia, sem especificar quando os eventos ocorreram.
Segundo ele, as forças russas montaram "campos de filtragem" onde "verificam os telefones" dos moradores de Mariupol antes de "confiscar seus documentos de identidade". "Então eles são enviados para a Rússia", comunicou ele no Facebook, acrescentando que "seu destino do outro lado (da fronteira) é desconhecido".
Essas declarações não puderam ser verificadas imediatamente de forma independente.
Na quinta-feira (17), a Ucrânia acusou Moscou de bombardear um teatro da cidade onde centenas de moradores se refugiaram, ignorando o aviso "Diéti" ("Crianças" em russo) escrito no chão em letras gigantes ao lado do prédio. Ainda não há relatório de vítimas.
Segundo o governo ucraniano, mais de 2.100 pessoas foram mortas em Mariupol desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro. Os sobreviventes se refugiam nos porões, sofrendo múltiplas deficiências. Algumas das famílias que conseguiram fugir disseram ter visto corpos nas ruas por dias.
Infligir "algo assim em uma cidade pacífica (...) é um ato de terror que será lembrado ainda no próximo século", disse o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, denunciando um "crime de guerra".
A cidade é de importância estratégica, pois sua captura permitiria à Rússia unir suas tropas na Crimeia com as de Donbas (leste), enquanto bloqueava o acesso ucraniano ao Mar de Azov.