Pelo quarto ano consecutivo, redações de grandes veículos de comunicação dos cinco continentes unem esforços para lançar luzes sobre o papel social do jornalismo profissional e seu impacto na sociedade. Nesta terça-feira (28), data que marca o World News Day (Dia Mundial da Notícia, em inglês), o Fórum Mundial de Editores, entidade ligada à Associação Mundial de Jornais (Wan-Ifra), chama atenção para a importância da imprensa de qualidade para levar ao público informações confiáveis sobre mudanças climáticas para que pessoas tomem decisões sobre o futuro do planeta.
Como parte do projeto, este ano cerca de 70 redações de jornais e sites de notícias compartilham reportagens que tiveram alto impacto nas comunidades. GZH, que participa da iniciativa internacional desde a primeira edição, em 2018, está ao lado de La Nacion, da Argentina, The Globe and Mail, do Canadá, Central News, da Austrália, The Straits Times, de Singapura, e Philippine Daily Inquirer, das Filipinas, entre outros veículos globais. Os trabalhos estão reunidos no site worldnewsday.org.
O presidente do Fórum Mundial de Editores, Warren Fernandez, salienta o trabalho dos profissionais de imprensa que estão na linha de frente cobrindo a pandemia, ajudando comunidades a se manterem informadas e seguras. E lembra que o mesmo compromisso deve ser adotado diante de outro grande desafio.
– Precisamos mostrar como podemos fazer a diferença para salvar nosso planeta – afirmou.
Fernandez, que é editor-chefe do The Straits Times, relata os efeitos do aumento do nível do mar onde mora, em Singapura, uma ilha onde cerca de um terço da população vive a menos de cinco metros acima do nível do mar. Mas o rico país de Fernandez não está sozinho nessa. Nova York declarou emergência de inundação repentina no início do mês, após níveis recordes de chuva na esteira do furacão Ida.
Mais de 300 pessoas morreram em agosto na província de Henna, na China, quando a chuva de um ano caiu em três dias, deixando muitos presos em vagões de trens subterrâneos e em túneis. Mais: inundações devastadoras na Alemanha e na Bélgica, secas no Brasil, ondas de calor na Índia, Austrália e na Costa Oeste dos Estados Unidos, incêndios florestais na Califórnia e no Canadá, bem como em regiões da costa do Mediterrâneo e da Amazônia. Tais eventos extremos estão passando por todo o planeta.
Biden
O tema do projeto está alinhado à crescente discussão sobre medidas individuais, de governos e como a humanidade pode conter o aquecimento global. Liderada pelos Estados Unidos no governo Joe Biden, a nova política ambiental do país mais poderoso do planeta deve contribuir para mudanças de comportamentos de países e empresas que ainda não colocaram em prática medidas sustentáveis que irão impactar o trabalho, a alimentação, a saúde e a economia e as relações internacionais.
Uma amostra foi dada na Cúpula do Clima, organizada em abril pelos americanos. Entre 31 de outubro e 12 de novembro, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), em Glasgow, na Escócia, será nova oportunidade de colocar o tema no centro dos debates de um planeta que continua atrasado na batalha contra emissões de carbono. O ritmo das mudanças climáticas não foi desacelerado pela pandemia, segundo a Organização Meteorológica Mundial. Nesse cenário, cabe ao jornalismo não só alertar sobre impactos do aquecimento global, com base na ciência, mas também lançando luzes sobre boas práticas.
– Poucos temas têm tanta dimensão mundial quanto o aquecimento global. É o nosso futuro que está em jogo, o que faz sobressair ainda mais a responsabilidade do jornalismo em apurar e difundir informações baseadas em fontes e dados confiáveis – afirma Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ).
Em edições anteriores, o World News Day teve como tema a importância do jornalismo investigativo para a democracia em meio à pandemia e diante de uma era de desinformação e ódio nas redes. Também já destacou os riscos a que profissionais de imprensa estão expostos em países onde os direitos à liberdade de imprensa e expressão estão erodindo.
Reportagem de ZH
ZH participa este ano do World News Day com a reportagem Como o desmatamento da Amazônia e o aquecimento global têm relação com a estiagem e as enchentes no RS, de autoria de Luis Felipe dos Santos. O trabalho mostrou como fenômenos extremos como as secas e as cheias da Região Sul podem decorrer do desequilíbrio ambiental global, em uma espécie de reação em cadeia
Veja alguns exemplos de reportagens compartilhadas pelos jornais
The Straits Times (Singapura)
Indonésia encontra dificuldades quanto a controlar lixo cada vez maior da covid-19
A reportagem mostrou exemplos do descontrole no descarte de equipamentos de proteção durante a pandemia na Indonésia. No aterro de Burangkeng, na capital, Jacarta, máscaras cirúrgicas e luvas de borracha brancas estão espalhadas junto ao detrito doméstico
Central News (Austrália)
Perdidos na sucata do espaço
A reportagem mostra o acúmulo de lixo espacial. Cerca de 28,6 mil objetos de entulho foram rastreados por redes de monitoramento
Philippine Daily Inquirer (Filipinas)
Abraçando a luz: igrejas aproveitam a energia solar
Desde 2017, templos católicos das Filipinas têm instalado sistemas para captação de energia solar. As placas no teto das igrejas em alguns lugares são dispostas no formato de símbolos religiosos, como a cruz
Vietnam News (Vietnã)
Províncias do Delta do Mekong empenham-se para preservar ecossistemas
O texto revela como autoridades locais e organizações de defesa do ambiente no Delta do Mekong, no Vietnã, estão empenhando-se para preservar e fomentar ecossistemas que são vulneráveis aos impactos da mudança climática. No sul do país, a região conta com um ecossistema variado e diferenciado que inclui fauna e flora marinha, ilhas, estuários, pântanos, mangues, além de muitas reservas de biosfera, parques nacionais e reservas naturais
La Nacion (Argentina)
O Paraná sem água e a cordilheira, sem neve. Quais são os efeitos das mudanças climáticas em nossas vidas?
Uma reportagem especial mostra os impactos do aquecimento global na realidade argentina, entre elas a seca no Rio Paraná e imagens de trechos da Cordilheira dos Andes com neve escassa
*Colaborou Vicente Nogueira