Cuba anunciou na quinta-feira (10) que iniciará um ensaio clínico em crianças com duas de suas candidatas a vacinas contra a covid-19, concebidas e desenvolvidas na ilha.
O estudo aprovado será "realizado na faixa etária entre 3 e 18 anos, dividido em dois grupos, iniciando com adolescentes de 12 a 18 anos, seguido pelo grupo de crianças de 3 a 11 anos", indicou o Centro para o Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos (CECMED).
O ensaio "visa avaliar a segurança, reatogenicidade e imunogenicidade" em menores das vacinas candidatas Soberana 2 e Soberana Plus, acrescentou o comunicado.
As autoridades informaram que a aprovação deste novo ensaio clínico se deve ao aumento de casos positivos de covid-19 em crianças, e à segurança demonstrada por esses imunizantes em outros ensaios clínicos realizados no país.
"As vacinas se mostraram seguras e bem toleradas em adultos", indicou o CECMED, que especificou que até 27 de maio foram registrados 18.249 casos confirmados em menores, sendo 983 em crianças menores de um ano.
"Embora a maioria das crianças sofra da doença de forma moderada, é perigosa pelas complicações que podem sofrer no período da infecção e pelas consequentes sequelas deixadas pela doença".
Os imunizantes serão aplicados, como já foi feito nos ensaios com adultos, em três doses a cada 28 dias, sendo as duas primeiras do Soberana 2 e uma do Soberana Plus, indicou a agência.
Cuba tem cinco vacinas candidatas, duas delas (Soberana 2 e Abdala) em fase final de testes clínicos. Espera-se que a autorização oficial seja concedida neste mês.
No entanto, devido ao recrudescimento das infecções — que já somam 153.578 casos positivos e 1.057 mortes desde o início da pandemia — o governo lançou uma campanha de vacinação nos grupos em risco em 12 de maio. As autoridades esperam ter vacinado 70% da população até o final de agosto, mas, até o momento, menos de 2% da população recebeu as duas doses — 14% receberam a primeira aplicação, segundo monitoramento feito pela Universidade de Oxford.
Sob embargo dos Estados Unidos desde 1962, Cuba começou a desenvolver suas próprias vacinas na década de 1980 e atualmente cerca de 80% dos imunizantes incluídos em seu programa nacional de imunização são fabricadas na ilha.