Cuba planeja iniciar a imunização em massa de sua população contra a covid-19 em junho com sua própria vacina, a primeira concebida e desenvolvida na América Latina, informou o Ministério da Saúde cubano na terça-feira (23).
O governo também prevê que 6 milhões de cubanos sejam vacinados até agosto, em um país de 11,2 milhões de habitantes.
"O momento de introdução da vacina de que estaríamos falando" é o "mês de junho", disse Iliana Morales Suárez, diretora de Ciência e Inovação do Ministério da Saúde, no programa de televisão Mesa Redonda.
Iliana explicou que os ensaios clínicos da Soberana 2 e da Abdala, as duas vacinas candidatas mais avançadas da ilha, deverão ser concluídos nessa data.
A Soberana 2 iniciou em 4 de março em Havana a terceira e última fase de testes clínicos com 44 mil voluntários. A Abdala fez o mesmo nesta segunda-feira nas províncias de Santiago de Cuba, Granma e Guantánamo, no leste do país, com 48 mil voluntários.
O governo prevê que até junho mais de 2 milhões de pessoas serão imunizadas no âmbito dos testes e estudos anteriores, chegando a um total de 6 milhões de vacinadas até agosto, ou seja, mais da metade da população cubana.
Remessas para Venezuela e Irã
Nesta mesma semana, um estudo de intervenção para equipes médicas também foi iniciado em Havana, no qual 150 mil voluntários receberão a vacina Soberana 2. Iliana anunciou que um programa semelhante está planejado para a Abadala com outros 120 mil profissionais de saúde nas províncias do leste do país.
Além disso, indicou que outro estudo de intervenção será realizado em Havana com 1,7 milhão de habitantes voluntários de 19 a 80 anos. A capital, uma das áreas com maior disseminação do vírus na ilha, tem 2,1 milhões de habitantes.
Cuba também começou a colaborar com outros países aliados. Em abril, enviará à Venezuela 30 mil doses de cada uma das duas drogas, informou o jornal Granma na última terça-feira, citando o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que agradeceu às autoridades cubanas pelas doações.
Outras 100 mil doses da Soberana 2 foram enviadas ao Irã em meados de março para testar a eficácia do antígeno.
Cuba, que enfrenta atualmente um surto do coronavírus, mantém uma baixa taxa de mortalidade desde o início da pandemia em março, com 401 mortes e 68.250 infecções.
Sob embargo dos Estados Unidos desde 1962, Cuba começou a desenvolver suas próprias vacinas na década de 1980, descobrindo em particular o primeiro antígeno contra o meningococo do tipo B. Atualmente, 80% das vacinas incluídas em seu programa de imunização são fabricadas na Ilha.
Com base nessa experiência, os cientistas cubanos desenvolveram quatro imunizantes candidatas contra a covid-19: Soberana 1 (atualmente na fase 2), Soberana 2 (fase 3), Abdala (fase 3) e Mambisa (fase 1), esta última administrada por via nasal.