Israel despontou como o país que mais vacinou, proporcionalmente, sua população no primeiro trimestre deste ano. Ao todo, 56% da população já recebeu a primeira dose do imunizante. A corrida imposta para acelerar o ritmo de vacinação, agora, apresenta resultados. Isso foi o que contou Augusto Krieguer, jornalista gaúcho que mora no país, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade desta sexta-feira (2). Ele relata que, ao receber a segunda dose do imunizante, ganhou um passaporte verde. Este documento permite que ele vá a festas, a bares, à academia, e assim viver uma vida mais próxima do normal.
Com 9 milhões de habitantes, Israel registrou, até quinta-feira (1), 6.220 óbitos por covid-19, segundo dados do governo israelense. O jornalista afirma que os números de novos casos de coronavírus e mortes pela doença despencaram no país após o início da vacinação em massa. No dia 15 de janeiro foram registradas 115 mortes, na última quinta-feira, foram 11 mortes registradas pelo coronavírus.
Em meio a esse contexto de superação da doença lá, Krieguer afirma que teme pela segurança da família e de amigos no Brasil, especialmente, em Porto Alegre.
Veja abaixo como foi o bate-papo.
Como está a situação do país?
Hoje em dia, a vida aqui, em Israel, é o novo normal. Quando cheguei no país, há três meses, em 31 de dezembro, esperei 15 dias em isolamento, dentro de um hotel, sem poder ter contato com nenhuma pessoa. Então, fiz um segundo exame PCR (de detecção do coronavírus) e deu negativo. Só então eu pude sair do hotel. E comecei a ver uma vida de enclausuramento que se vivia.
Como era o lockdown?
Primeiramente, Israel é o lugar que mais fez lockdown no mundo, foram quatro até agora. Eu peguei o último, que foi esse da pré-vacinação em massa. O país estava completamente fechado. As pessoas não podiam caminhar 500 metros para além do endereço de casa, porque elas poderiam ser multadas. Policiais realizavam barreira, o exército também monitorava a mobilidade dos moradores. Era um fechamento extremamente forte e rígido para que as pessoas não saíssem de casa, para que as regras fossem respeitadas A vacinação começou aos poucos, mas não sabíamos como iria funcionar, qual seria o resultado da vacinação em larga escala. No início, aumentou bastante o número de vacinados e o governo passou a diminuir as proibições. Quando se chegou ao número de 4 milhões de vacinados, com a primeira dose, e de 2,5 ou 2,8 milhões, com a segunda, o governo liberou atividades e o comércio no país.
Qual a porcentagem de pessoas vacinadas com a segunda dose?
Hoje, 56% da população com 18 anos recebeu a primeira dose do imunizante. E 51% recebeu a segunda. .
Como está a vida por aí? O que é o novo normal?
Quando se chegou no auge da vacinação em Israel, a economia reabriu. Pessoas vacinadas com a segunda dose ganham um passaporte verde, que a gente carrega no celular. Isso dá liberdade para que você frequente lugares que antes estavam proibidos. Hoje, para entrar na minha academia, no cinema, em uma festa, um bar ou restaurante, eu preciso mostrar na entrada o meu passaporte verde para comprovar que eu não tenho restrição para circular e entrar nesses locais.
E como estão os números de novos casos e mortes por coronavírus?
Quando cheguei em Israel, de 31 de dezembro até 20 de janeiro, o número de contaminados era alto. Chegamos a registrar 11 mil em um só dia, esse número é muito alto para o país. No dia 15 de janeiro, morreram 115 pessoas, valor que também é elevado. Mas, com a vacinação, a vida passou a andar. A abertura do comércio foi muito aos poucos, bem aos poucos, porque não sabíamos se os números cairiam ou aumentariam no auge da vacinação.
Quando se vacinava 160 mil pessoas por dia aqui, estava completamente fechado. No auge da vacinação, o país estava fechado. Só pudemos sair quando se chegou os 4 milhões de imunizados. Atualmente, o número de contaminados por dia fica entre 200 e 300 pessoas. E o de morte caiu de 115 para 10.
No Brasil se tem muita resistência com as restrições de mobilidade. Israel ofereceu ajuda aos comerciantes, empresas e pessoas sem trabalho durante o período do restrições?
No início e no fim dos lockdowns, houve uma ajuda muito grande aos pequenos e médios comerciantes de Israel. No auge da pandemia, se chegou a 11% de desemprego aqui no país. Por isso, houve uma ajuda substancial para manter os negócios e as vidas das pessoas. O governo foi presente e participativo.