Cinco dias após um dos maiores porta-contêineres do mundo encalhar no Canal de Suez, o tráfego na região segue engarrafado neste sábado (27). Uma tentativa frustrada de dragagem foi realizada por autoridades na esperança de alargar o trecho e desobstruí-lo, mas o navio Ever Given segue bloqueando uma das principais artérias marítimas do planeta e atrasando os embarques de mercadorias e commodities para o mundo.
Em uma coletiva de imprensa realizada neste sábado, o tenente-general Osama Rabei, responsável pelo canal, disse a repórteres não ser possível estabelecer um prazo de quando o navio poderá ser desalojado, ressaltando a dificuldade da operação. Ele explicou que, depois de retirar a areia da costa em que o Ever Given está encalhado e cavar para aumentar a profundidade do canal na área, a principal opção no momento seria arrastar o navio.
Ainda de acordo com Rabei, a outra opção é descarregar uma parte para aliviar o peso do navio, que possui 18,3 mil contêineres de mercadorias a bordo. Entretanto, o tenente-general acredita que a dragagem seja suficiente para libertá-lo.
— É difícil dizer um tempo para solucionar o problema. Não posso dizer quando vamos terminar, talvez esta noite, se Deus quiser, ou amanhã — afirmou Rabei.
Ele afirmou ainda que os fatores meteorológicos podem não ser as únicas razões para o encalhe e apontou "outros erros - humanos ou técnicos".
Em pouco menos de uma semana após o Ever Given encalhar, um congestionamento marítimo cresceu para cerca de 321 navios perto de Port Said, no Mar Mediterrâneo. O navio ficou preso em um trecho de pista única do canal, cerca de seis quilômetros ao norte da entrada sul, perto da cidade de Suez.
O navio Ever Given, de bandeira do Panamá, que foi lançado em 2018, tem cerca de 400 metros de comprimento e 59 metros de largura e estava a caminho de Roterdã, na Holanda, de acordo com o site de rastreamento de navios da Marine Traffic.
Bilhões de dólares retidos
Com o bloqueio do tráfego no Canal de Suez, bilhões de dólares em mercadorias – calculados entre US$ 3 bilhões e US$ 9 bilhões por dia – também ficaram presos, e as consequências econômicas exatas dependerão da duração da paralisia.
O bloqueio "não poderia vir em momento pior para o canal mais usado" do mundo, em meio à pandemia do coronavírus, comenta Jonathan Owens, especialista em logística da University of Salford Business School.
— Dado o grande número de partes afetadas pela situação, direta e indiretamente, é impossível neste nível quantificar o valor das mercadorias em atraso — considera Daniel Harlid, analista da Moody's.
*Com agências internacionais