- A sede do Congresso norte-americano foi invadida por apoiadores de Donald Trump na tarde desta quarta-feira (6), que protestavam contra a ratificação da vitória de Joe Biden nas eleições
- Houve confronto entre manifestantes e a polícia, e uma mulher foi baleada. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu
- O presidente eleito Joe Biden classificou a invasão como "um ataque à lei como nunca vimos" e pediu que Trump solicitasse aos manifestantes que deixassem o Capitólio
- Logo depois do pronunciamento de Biden, o presidente pediu calma aos manifestantes e que voltassem para casa
- Os manifestantes foram retirados do Parlamento por seguranças após quatro horas de invasão
Apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invadiram por cerca de quatro horas o Capitólio, sede do Congresso norte-americano, nesta quarta-feira (6), em protesto contra a derrota do seu candidato. A invasão interrompeu a sessão que ratificará a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais. De acordo com a rede de TV NBC, uma pessoa foi morta por um tiro dentro do prédio do Capitólio. A Guarda Nacional, neste momento, está esvaziando a sede do Congresso e os arredores, em obediência ao toque de recolher decretado pela prefeitura de Washington. Várias outras pessoas ficaram feridas, mas o número total ainda é incerto.
O vice-presidente Mike Pence, que iria confirmar a vitória de Biden ao presidir a sessão do Senado que conta os votos do Colégio Eleitoral, foi retirado às pressas do prédio, assim como outros parlamentares.
"A violência dentro do Congresso precisa parar agora. Todas as pessoas envolvidas devem respeitar os policiais e deixar o prédio imediatamente", afirmou Pence no Twitter.
Antes de conseguirem entrar no prédio do Congresso, os manifestantes derrubaram barricadas de metal na parte inferior dos degraus do Capitólio e obrigaram a polícia a fechar o prédio. Alguns tentaram passar pelos policiais, que, por sua vez, foram vistos atirando spray de pimenta na multidão para mantê-los afastados.
Para manter a segurança, a prefeitura de Washington decretou um toque de recolher emergencial na Capital norte-americana. A Guarda Nacional também foi autorizada a entrar no Capitólio para retirar os manifestantes.
O presidente Joe Biden declarou, em discurso posterior à invasão, que foi "um ataque à lei como nunca vimos".
— As cenas de caos não refletem a américa verdadeira, quem nós somos. O que vimos foi um pequeno numero de extremistas. Isso não é discordar. Isso é o caos. Eu peço ao presidente Trump q vá a televisão, para defender a Constituição e pedir um fim para esse caos — disse Biden.
Logo depois, o presidente Donald Trump também pediu calma aos manifestantes e que voltassem para casa:
— Sei que vocês estão feridos. Nós tivemos uma eleição que foi roubada de nós. E todo mundo sabe, especialmente o outro lado. É um período muito difícil. Foi uma eleição fraudulenta. Mas precisamos de paz, então vão para casa. Nós amamos vocês, vocês são muito especiais, e eu sei como vocês estão se sentindo. Mas vão para casa em paz — disse Trump, novamente sem apresentar provas das supostas fraudes nas eleições.
Comício de Trump
Mais cedo, Trump discursou a partidários. Ele afirmou que "nunca desistiremos e nunca admitiremos" a derrota para o democrata Joe Biden na eleição do ano passado. Biden deve ter a vitória certificada na tarde desta quarta em sessão do Congresso, mas Trump disse esperar que o vice-presidente, Mike Pence, não reconheça a vitória e devolva os resultados aos Estados, para que eles passem por nova certificação. Entretanto, o vice-presidente afirmou que tem o dever constitucional de confirmar a votação do Colégio Eleitoral, o que provocou protestos de Trump e inflamou os manifestantes:
"Mike Pence não teve a coragem de fazer o que deveria ter feito para proteger nosso país e nossa constituição, dando aos Estados uma chance de certificar os fatos corretos, não os fraudulentos ou imprecisos que ele foi anteriormente pedido para certificar. EUA demandam a verdade!", declarou Trump, voltando a alegar que a eleição foi fraudada, o que foi rechaçado por todas as cortes eleitorais dos Estados e também pela Suprema Corte.
Ele fez as mesmas alegações ao público no comício.
— Ganhamos essa eleição e ganhamos por muito — afirmou Trump, dizendo que sua vitória recente seria superior à primeira.
— Não queremos ver nossa vitória eleitoral roubada pela esquerda radical — disse, criticando também a mídia "falsa" e as gigantes do setor de tecnologia como "grandes problemas do país".
— Nossa mídia não é livre e honesta, ela está se tornando o inimigo do povo — avaliou.
— As eleições de países de terceiro mundo são mais honestas do que as do nosso país —garantiu Trump.
O presidente americano disse que as duas eleições de ontem em segundo turno para cadeiras no Senado da Geórgia também teriam sido fraudadas. Os democratas venceram uma das cadeiras e aparecem à frente na apuração da segunda, em disputa acirrada.
Em sua fala, Trump também criticou colegas do Partido Republicano, que segundo ele seriam "fracos". Ele disse que as lideranças no Congresso precisam mostrar coragem nesta quarta, para não admitir a vitória que ele considera fraudulenta dos democratas.
Logo após o início da sessão, os legisladores aliados de Trump questionaram a certificação dos votos do Arizona. Quando há uma objeção, os congressistas realizam um debate que pode durar até duas horas. Por isso, é esperado que a sessão se estenda até a noite.