A União Europeia (UE) e o Reino Unido decidiram fazer um esforço extra para tentar fechar um acordo comercial pós-Brexit e evitar uma separação mais difícil e custosa para o comércio entre o país e o bloco. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, resolveram estender o prazo, previsto para este domingo (13), que estabelece o relacionamento futuro entre as 27 nações e seu ex-membro.
— Apesar da exaustão, após quase um ano de negociações e apesar do fato de os prazos terem sido perdidos várias vezes, nós dois acreditamos que é responsável, neste momento, ir mais longe — declarou von der Leyen, neste domingo (13), ao comentar sobre uma ligação telefônica com Johnson realizada mais cedo.
— Concordamos em demandar que os nossos negociadores continuem as conversas para ver se um acordo pode ser alcançado, mesmo nesse estágio tardio —acrescentou.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, elogiou o desenvolvimento e disse que deve ser feito de tudo para que um acordo seja possível, mas alertou que não poderia haver uma decisão "a qualquer preço".
— O que queremos é um bom negócio, um acordo que respeite princípios de fair play econômico e, também, princípios de governança —avaliou Michel.
Com menos de três semanas até a separação final, prevista para 31 de dezembro, questões-chave do relacionamento futuro entre o Reino Unido e a UE permanecem sem solução, como regras de concorrência justa, mecanismos para resolver disputas e direitos de pesca. Sem um acordo, o Reino Unido comercializará com o bloco nos termos da Organização Mundial do Comércio (OMC), com todas as tarifas e barreiras que isso traria.
O governo do Reino Unido reconheceu que uma saída sem acordo provavelmente trará um impasse nos portos britânicos, escassez temporária de alguns bens e aumentos de preços de alimentos básicos.
Johnson insiste que o "mais provável" é um Brexit sem acordo
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou continuar comprometido nas negociações com a União Europeia em busca de um acordo comercial pós-Brexit, mas advertiu que, em sua opinião, "o mais provável agora" é que resultem em fracasso.
— Eu receio que ainda estamos muito distantes em alguns pontos importantes, mas onde há vida há esperança — declarou à imprensa.
— A coisa mais provável agora é, claro, que temos que nos preparar para os termos da OMC (Organização Mundial do Comércio) — completou o chefe de governo.
Para alavancar as conversas, os negociadores impuseram vários prazos, mas nenhum aproximou as partes em questões-chave. Embora ambos os lados desejem um acordo sobre os termos de um novo relacionamento, eles têm visões fundamentalmente diferentes sobre o que isso implica.
A UE teme que o Reino Unido reduza os padrões sociais e ambientais e injete dinheiro estatal nas indústrias britânicas, tornando-se um rival econômico de baixa regulamentação. Por isso, exige garantias de "igualdade de condições" em troca de acesso a seus mercados. O governo britânico, por sua vez, afirma que a UE está tentando vincular o Reino Unido às regras e regulamentos do bloco indefinidamente, em vez de tratá-lo como uma nação independente.