O governo britânico e a Comissão Europeia publicaram neste sábado (26) a íntegra do histórico acordo que determinará sua relação pós-Brexit. Trata-se de um texto de mais de 1,2 mil páginas, que deve ser aprovado dentro de poucos dias.
Anunciado na quinta-feira (24) para que entre em vigor em 31 de dezembro, às 23h, o acordo de livre comércio é "o resultado de muitos meses de trabalho intensivo", recordou o negociador europeu Michel Barnier no Twitter. O documento introduz direitos de alfândega e cotas no comércio entre Reino Unido e União Europeia e detalha o bloqueio das águas britânicas para os pescadores europeus. O texto tem 1.246 páginas, aos quais são adicionadas notas explicativas e acordos paralelos sobre cooperação nuclear ou intercâmbio de informações confidenciais.
Em Bruxelas, após uma primeira reunião na sexta-feira (25) dos 27 embaixadores dos Estados membros com Barnier, um novo encontro está programado para segunda-feira (28), com o objetivo de iniciar o processo de assinatura do projeto por parte dos países do bloco. As autoridades também terão que decidir sobre uma aplicação provisória do acordo, pois o Parlamento Europeu só conseguirá ratificar o texto no início de 2021.
Do lado britânico, os deputados devem interromper o recesso de fim de ano e retornar ao trabalho para debater o texto na quarta-feira (30). A aprovação é praticamente certa, pois até a oposição trabalhista pretende apoiar o acordo.
Após quatro anos e meio de incerteza e angústia após o referendo de 2016, o acordo oferece às empresas "a certeza e a capacidade para preparar o crescimento e os investimentos" e dá esperanças de que "a política evolua para um contexto melhor", afirmou no jornal The Times o ministro britânico para Coordenação da Ação Governamental, Michael Gove.
O Reino Unido abandonou a UE em 31 de janeiro, mas o país seguiu aplicando as regras do bloco durante um período de transição que chega ao fim em 31 de dezembro.