A Armênia afirmou nesta segunda-feira (9) que os combates continuam em Nagorno Karabakh pelo controle da estratégica cidade de Shusha, a qual o Azerbaijão anunciou ter capturado no fim de semana, o que representaria uma mudança no conflito.
Desde o fim de setembro, as Forças Armadas azerbaijanas tentam recuperar o controle do território separatista, de maioria armênia e apoiado por Yerevan, que não responde ao governo do Azerbaijão desde os anos 1990. A ofensiva permitiu a recuperação de várias zonas nas últimas seis semanas.
De acordo com um comunicado divulgado pelo centro de imprensa das forças armênias, "houve combates intensos" nos últimos dois dias na região de Shusha contra as tropas azerbaijanas, que "sofreram perdas consideráveis e se retiraram".
Na véspera, a Armênia negou que a cidade tivesse caído nas mãos do Azerbaijão e afirmou que resistiria "aos golpes do inimigo, apesar das fortes destruições".
O Exército do Azerbaijão "retomou, pela manhã, sua ofensiva em todas as direções principais da linha de frente" de batalha, continuou o comunicado, assegurando que as forças armênias "controlam a situação".
A tomada de Shusha representaria uma grande vitória azerbaijana, seis semanas após o início dos combates em Nagorno Karabakh, um enclave de grande população armênia que se separou do Azerbaijão na década de 1990. Esse movimento deflagrou uma guerra que deixou 30.000 mortos.
A cidade estratégica está localizada no topo de uma montanha que serve de fortaleza natural a cerca de 15 quilômetros de Stepanakert, capital de Nagorno Karabakh, e na estrada principal que leva ao território da Armênia, país aliado dos separatistas.
Em um pronunciamento transmitido pela televisão no domingo, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, anunciou que a cidade havia sido recuperada.
As autoridades armênias rejeitaram, de imediato, essa afirmação.
Além de sua localização estratégica, a cidade é um símbolo para os azerbaijanos, que a consideram um de seus principais centros culturais. Foi habitada principalmente por azerbaijanos até o final da década de 1980, embora ambas as comunidades convivessem no local.
As forças armênias informaram nesta segunda-feira o Azerbaijão bombardeou várias localidades de Nagorno Karabakh, incluindo a capital Stepanakert.
Também anunciaram que 44 soldados morreram, mas sem revelar detalhes.
Por sua vez, o exército do Azerbaijão relatou disparos da Armênia contra suas posições e contra várias cidades. Também afirmou que havia forçado o adversário a recuar e que tem a situação "sob controle".
Os novos combates entre o Azerbaijão e os separatistas armênios pelo controle de Nagorno Karabakh explodiram no final de setembro e são os piores em décadas, com mais de 1.300 mortes confirmadas, incluindo dezenas de civis. O balanço, no entanto, pode ser muito superior.
Até o momento fracassaram três tentativas de trégua humanitária, negociadas com a mediação da Rússia, França e Estados Unidos.
* AFP