Um ano após uma eleição tensa que terminou com a destituição de Evo Morales, os bolivianos foram às urnas mais uma vez neste domingo (18) para escolher quem ocupará a presidência do país. A apuração começou durante a noite.
Às 23h43min de Brasília (22h42 no horário local), apenas 1,6% das urnas haviam sido computadas, e o resultado parcial mostrava vantagem do candidato da Comunidade Cidadã (CC), Carlos Mesa, sobre o candidato do Movimento Ao Socialismo (MAS) Luís Arce, sucessor de Morales no comando do partido. O CC tem 55,87% das urnas computadas até agora contra 35,54% do MAS.
As pesquisas de boca de urna previstas para o início da noite deste domingo não foram divulgadas. Ao contrário das outras eleições bolivianas, a contagem rápida (que apura apenas as atas eleitorais, não voto por voto) não será divulgada neste ano. Segundo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Bolívia, Salvador Romero, a "polarização" e a "desconfiança" motivaram essa decisão. A divergência entre a contagem rápida e a contagem oficial levou a protestos que motivaram um motim das Forças Armadas contra o então presidente Evo Morales em 2019, que culminou com a sua deposição.
A presidente Jeanine Añez, que assumiu o poder após a renúncia de Evo Morales e desistiu de concorrer ao pleito para não dividir o campo ideológico da centro-direita, pediu para que a população "espere com paciência" os resultados eleitorais.
— Todos temos que ter paciência para esperar os resultados, sem gerar violência. Asseguro que os resultados serão credíveis, mas precisamos ter paciência — declarou em pronunciamento oficial ao lado dos comandantes das Forças Armadas.
Añez não foi a única a desistir. O ex-presidente boliviano Jorge Quiroga também renunciou à sua candidatura em favor de Carlos Mesa, principal nome da oposição, com a intenção de evitar a vitória do MAS.
De acordo com o jornal La Razón, a casa do candidato do MAS Luís Arce foi cercada por policiais na noite deste domingo. A residência, localizada em Sopocachi, bairro da capital La Paz, foi alvo de protestos de vizinhos. Militantes do MAS alegam que o objetivo do cerco policial é impedir manifestações públicas dos apoiadores de Evo Morales, que foi impedido de se candidatar ao Senado e se encontra exilado na Argentina.