A economia chinesa sofreu retração de 6,8% no primeiro trimestre de 2020 em relação ao ano anterior. O percentual de queda é inédito em sua história e é uma das consequências da pandemia de coronavírus, que praticamente interrompeu a atividade em várias províncias do país.
A queda foi inferior à estimativa realizada por um grupo de analistas consultados pela AFP, que previu uma retração de 8,2%. Ainda assim, é o pior resultado desde o início da divulgação dos índices trimestrais do PIB, no início dos anos 90. No último trimestre de 2019, o crescimento em 12 meses na China foi de 6%. Em termos anuais, a China não experimentava uma contração do PIB desde 1976.
— Em plena propagação mundial do vírus, a China enfrenta novas dificuldades e desafios para reiniciar a atividade e a produção — disse em entrevista coletiva o porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas, Mao Shengyong.
Em seu esforço para deter a propagação do vírus, que deixou oficialmente mais de 3,3 mil mortos no país, a China adotou medidas de confinamento sem precedentes no final de janeiro, que paralisaram a atividade econômica. As vendas no varejo desabaram 15,8% em março em relação ao mesmo período do ano anterior, mas a produção industrial recuou apenas 1,1%. Nos dois meses precedentes, as vendas no varejo recuaram 20,5% e a produção industrial, 13,5%.
Apesar do progresso das condições de saúde nas últimas semanas, milhões de chineses seguem limitados em seus deslocamentos por medo a contrair o coronavírus.
— Entre abril e junho, se prevê que a China volte a crescer, após registrar no primeiro trimestre sua desaceleração mais severa desde a revolução cultural, que terminou em 1976 — avalia o analista Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics.
Segundo o analista, esse eventual crescimento não significa o fim dos problemas, pois o país ainda terá que lidar com o aumento do desemprego, a fraca demanda interna e as condições econômicas difíceis no Exterior, que provocarão a queda nas exportações.