O governo brasileiro vai enviar nesta quarta-feira (15) à China aviões que buscarão a primeira parte dos 240 milhões de equipamentos de proteção individual adquiridos pelo Ministério da Saúde em meio à pandemia do coronavírus.
A definição desta rota e das próximas adotadas pelo governo leva em consideração fatores geopolíticos e evita países da Europa e os Estados Unidos, onde há maior chance de confisco de carga.
Segundo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, nesta quarta dois aviões da Latam sairão de Abu Dabhi com destino a Xiamen, na China, onde buscarão 15 milhões de máscaras, equivalentes a cerca de 53 toneladas de equipamentos.
Na volta, as aeronaves farão uma parada em Doha, no Qatar, para abastecimento, e em seguida se dirigem para o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Serão voos de Estado, o que garante prioridade em pousos e decolagens.
No primeiro deslocamento, o ponto de partida será Abu Dabhi porque as aeronaves estão em manutenção na cidade. A escolha foi uma questão de oportunidade, já que o local é mais próximo da China.
De acordo com Freitas, os aviões devem desembarcar em Xiamen até quinta (16), e chegarão ao Brasil até a próxima terça (21). O deslocamento leva cerca de 20 horas. A demora se deve à negociação do Ministério das Relações Exteriores com os chineses para que eles liberem a carga.
O modelo dessa aeronaves é o 777. Como são aviões de passageiros e não cargueiros, o Ministério da Infraestrutura trabalhou junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para que ela autorize o carregamento dos produtos no porão e também na cabine dos aviões para otimizar o espaço.
Segundo o ministro, este deslocamento específico será custeado pelas Lojas Americanas, que ofereceram uma doação ao governo. O custo é de 13 dólares (R$ 67) por quilo.
Depois que chegarem ao Brasil, a ideia é fazer a distribuição da carga aos Estados no dia seguinte. Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) devem ser usados na logística.
A compra total feita pelo Ministério da Saúde soma 960 toneladas de equipamentos. Parte da carga será buscada em Xiamen e outra, em Guangzhou. Serão necessários cerca de 400 voos para deslocar toda a carga.
O Ministério da Infraestrutura está fazendo cotações com empresas privadas para avaliar qual oferecerá a melhor opção de frete. A Latam é uma das fortes possibilidades, segundo Freitas.
— Espero trazer tudo de seis a nove semanas — acrescenta o ministro.
A rota que será adotada nos próximos voos ainda não está definida. A tendência é que se faça, para as aeronaves que saiam do Brasil, um deslocamento passando pelo Chile e pela Nova Zelândia para depois chegar à China, tanto na ida como na volta.
O governo também estuda rotas pela África e o Oriente Médio.
Testes foram feitos em voos para trazer cargas doadas pela Vale. Houve aviões que passaram pela Etiópia e outros que fizeram paradas em Abu Dhabi e Doha. Os estudos levam em conta questões geopolíticas.
Segundo integrantes do governo, em nenhum desses locais se vislumbra a retenção de cargas. O receio das autoridades é justamente de que possa haver confisco por parte de países como os Estados Unidos e outros da Europa, que sofrem mais fortemente com a pandemia do coronavírus.