Toque de recolher, militares nas ruas, fechamento de fronteiras, quarentena geral: à medida que avança a epidemia do novo coronavírus, os governos da América Latina adotam ações mais duras para reduzir o deslocamento da população.
No Peru, o governo decretou nesta quarta-feira (18) um toque de recolher à noite, em todo o território nacional.
— Estamos decretando a imobilização obrigatória a partir de hoje (quarta), das 20h até as 5h — anunciou o presidente Martín Vizcarra, em uma coletiva de imprensa.
O exército peruano já estava nas ruas desde a última segunda, depois que o Executivo decretou estado de emergência por causa da expansão da epidemia.
Nesta quarta, o Chile entrou em "estado de exceção constitucional por catástrofe", com duração de 90 dias — uma disposição pela qual é função das Forças Armadas garantir a ordem e a segurança.
— As Forças Armadas poderão atuar como verdadeiras forças da saúde, colaborando com todos os funcionários do nosso sistema de saúde — disse o presidente Sebastián Piñera ao anunciar sua decisão.
Ambos os países do Pacífico se encontram entre os mais afetados da América Latina na expansão do novo coronavírus: o Chile tem 238 casos e o Peru, 145 infectados.
No Uruguai, onde até o momento foram confirmados 50 casos de covid-19, um número que o coloca como o país mais infectado da América do Sul em relação ao tamanho da sua população, o governo estuda a imposição da quarentena obrigatória, uma medida sugerida pelo Sindicato Médico.
O ambiente de tristeza é geral na grande maioria das cidades latino-americanas, onde os eventos públicos, incluindo as competições esportivas, e todas as atividades que geram aglomerações foram proibidas ou desaconselhadas pelas autoridades.
Peru, Chile, Argentina, Colômbia, Venezuela, Brasil e o Uruguai anunciaram o fechamento de fronteiras, parcial ou totalmente.
O acesso ao aeroporto de Lima, um dos principais terminais aéreos da América Latina, estava nesta quarta-feira bloqueado por soldados armados e equipados com máscaras de proteção.
Na Argentina, o governo de Alberto Fernández resolveu nesta terça interromper por cinco dias até mesmo os voos domésticos, ônibus e trens de longa distância para evitar a circulação interna de turistas.
Nicarágua, "país aberto"
O maior contraste a nível regional em relação ao assunto é a Nicarágua, cujo governo não propôs nenhuma medida restritiva, mas decidiu incentivar o turismo e as atividades em massa.
— A Nicarágua continua sendo um país aberto — disse nesta quarta a vice-presidente Rosario Murillo, após destacar que o seu país é um dos poucos que não têm casos do vírus.
Em meio às críticas da oposição política, que a acusou de violar o direitos dos cidadãos do país em termos de saúde, Murillo convocou para o próximo final de semana uma caminhada cujo tema é "Amor nos tempos de Covid-19".
Até às 13h15min (de Brasília) desta quarta, havia 1.235 casos registrados em 19 países latino-americanos, segundo verificação da AFP, sendo 10 deles mortais. O Chile é o que apresenta o maior número de casos (238), seguido do Brasil (234).