Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (18) — em que foi anunciado que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, contraiu o novo coronavírus —, o presidente Jair Bolsonaro e diversos ministros usavam máscaras. O detalhe é que, em meio ao pronunciamento, Bolsonaro e outros políticos, como os ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da Economia, Paulo Guedes, tiravam as máscaras no momento em que iam falar. Isso não contraria as recomendações do próprio Ministério da Saúde?
O uso da máscara é indicado para quem tem os sintomas do coronavírus, profissionais da saúde ou quem está cuidando de pessoas com os sintomas. No caso do presidente, que garantiu que testou negativo pela segunda vez para o novo coronavírus, não haveria necessidade do uso da máscara.
Porém, como Bolsonaro, seus familiares e auxiliares que o acompanharam em viagem aos Estados Unidos, há pouco mais de uma semana, são monitorados e examinados depois da confirmação de que 14 integrantes da comitiva testaram positivo para o novo coronavírus, seria mais prudente manter a máscara sobre o rosto durante os pronunciamentos e não tirá-la a todo momento. O presidente afirmou que todos os presentes na coletiva usavam máscara porque tiveram contato com o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, que testou positivo para coronavírus.
— Existe a recomendação de que sejam utilizadas máscaras pelo profissional de saúde, enquanto estiver no período de risco, e pacientes que apresentem sintomas, visto que a máscara é um meio de contenção da contaminação — explica Rafael Mialski, médico infectologista membro da Associação Paranaense de Infectologia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) adverte que apenas pessoas doentes devem usar máscaras. O alerta foi feito nesta quarta, durante entrevista coletiva sobre o coronavírus em Genebra. A entidade afirmou que é preciso haver "um uso racional das máscaras" para que não faltem insumos para aqueles que os necessitam.
— Mesmo para quem está sintomático, a máscara não é um alvará para circular entre as pessoas. A forma como foi utilizada foi errada, porque houve problema até na manipulação dessa máscara. Ela não deve ser manipulada pela parte da frente, nem retirada para falar ou beber água — garante o infectologista Lívio Andrades Dias.
Após algumas horas, as máscaras devem ser trocadas e descartadas com cuidado para evitar contaminação de outras pessoas que estejam próximas.
Segundo a OMS, pessoas que não apresentam sintomas da doença ou que não tiveram contato com infectados só devem usar máscara se forem atender alguém com suspeita de contaminação pelo coronavírus. Quem esteve com pacientes suspeitos e apresentar sintomas como tosses e espirros deve utilizar máscara para evitar a propagação. Em situações como essa, é necessário procurar um serviço de saúde.
Estavam com Bolsonaro na coletiva, todos de máscara, os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Sergio Moro (Justiça), Paulo Guedes (Economia), Luiz Henrique Mandetta (Saúde), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Rogerio Marinho (Desenvolvimento Regional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), além do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.
A OMS adverte que o uso das máscaras somente é eficaz se combinado com medidas de higiene, como a lavagem frequente das mãos com água e sabão, durante 20 segundos, ou a desinfecção com álcool gel. Também é necessário aprender como colocar e descartar os equipamentos.