O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta terça (17), que o governo estuda dar uma ajuda financeira para trabalhadores informais diante da crise do coronavírus.
— O que o Paulo Guedes (Economia) falou para mim hoje é que a economia informal, ou que vive da informalidade, teria uma ajuda por algum tempo, algo parecido com um "voucher". Está faltando definir o montante e como é que vai organizar o pagamento — afirmou.
Segundo Bolsonaro, a possibilidade "está na mesa". O presidente contou que esteve nesta segunda (16) com o presidente do sindicato de Hotéis e Restaurantes, setores que passaram a sofrer os efeitos da crise do coronavírus por causa da diminuição da demanda.
— Abaixo dele (do sindicato) tem o equivalente a seis milhões de trabalhadores, que começaram a perder seus empregos. E muitos deles, talvez 60% um pouco mais, vivem da informalidade. Muita gente não está saindo à noite, não vai almoçar fora para evitar contato e isso leva ao desemprego. Então, o desemprego está aí, e uma pessoa desempregada passa a se alimentar mal e se torna uma pessoa menos resistente ao vírus — disse.
— A economia tem sua importância nessa crise que se aproxima, mas vejo muito alarmismo. Temos que nos preocupar, sim, mas não com esse alarmismo todo porque vamos passar por isso — continuou o presidente, minimizando novamente os efeitos da crise.
Bolsonaro foi questionado sobre os efeitos da crise no transporte público e os riscos de os serviços serem interrompidos. O presidente disse que o ministro da Infraestrutura, Tarcisio de Freitas, deverá falar sobre o tema em entrevista nesta quarta (18), mas afirmou que "se o Brasil parar vai ser um caos, vai morrer mais gente pela economia que não anda do que pelo coronavírus".
Entre as medidas que o governo está tomando para fazer frente à crise, Bolsonaro ainda disse que está na pauta a divulgação de medidas para ajudar empresas áreas.
— Talvez o Paulo Guedes anuncie. Fica muito mais caro se você não colaborar. Demissões virão, e quando vem demissões, todo mundo perde — disse.
O presidente afirmou também nesta terça que fechará as fronteiras do Brasil com a Venezuela. Apesar da medida, mais uma vez, ele diminuiu o impacto do vírus.
— Há uma certa histeria, como se fechasse fronteira fosse resolver o problema. Alguns querem que a gente feche os aeroportos. A gente não sabe as consequências disso tudo. A última informação é que a Itália começou a regredir (o número de casos) — disse.
A Itália é um dos países mais atingidos pela crise, com mais de 1,8 mil mortes. O governo do país determinou quarentena a todos os moradores e a circulação só é permitida com a autorização dos agentes de segurança e respeitando alguns critérios.
Ao comentar o número de mortes no país, Bolsonaro disse que a Itália é "um país parecido com um bairro de Copacabana".
— Onde cada apartamento tem um velhinho, ou casal de velhinhos, então são mais sensíveis, morre mais gente — afirmou o presidente, para comentar o número de óbitos no país europeu.
Bolsonaro disse que quando há uma morte detectada por coronavírus, há outras doenças no quadro:
— Tem que levar em conta como um todo do que a pessoa faleceu. Se pega uma gripe qualquer a pessoa poderia ter falecido também. Não pode ter histeria, se for para histeria, fica todo mundo maluco, as consequências são as piores. Em alguns países tem saques, pode ter um aproveitamento político.