Milhares de quenianos se reuniram nesta terça-feira (11) em um estádio de Nairóbi para prestar uma última homenagem ao ex-presidente Daniel Arap Moi, que morreu em 4 de fevereiro aos 95 anos.
O corpo do ex-chefe de Estado ficou exposto em público por três dias no Parlamento.
Nesta terça, o caixão coberto com uma bandeira do Quênia deixou o prédio da Presidência da República em direção ao Estádio Nyayo, acompanhado por dezenas de soldados.
A cerimônia começou na presença do presidente Uhuru Kenyatta com o hino nacional entoado em um estádio com cerca de 30.000 pessoas, incluindo personalidades estrangeiras.
As emissoras de televisão do país transmitiram a cerimônia ao vivo.
O corpo de Daniel arap Moi entrou no pavilhão esportivo acompanhado por duas fileiras de soldados e por uma banda militar.
Moi dirigiu o Quênia entre 1978 e 2002, depois de suceder ao pai da independência, Jomo Kenyatta (pai, por sua vez, do atual presidente, Uhuru Kenyatta).
Vários chefes de Estado africanos participaram da cerimônia, incluindo o ruandês Paul Kagame, o djibutiano Ismael Omar Guelleh, a etíope Sahle-Work Zewde e o sul-sudanês Salva Kiir.
O corpo do ex-presidente será enterrado na quarta-feira (12) em sua região natal, Kabarak, 220 quilômetros a noroeste de Nairóbi.
A Presidência de Daniel Arap Moi foi marcada pela repressão, assim como a de Jomo Kenyatta.
Em 1982, um único partido foi criado, e o multipartidarismo veio apenas em 1992, sob pressão da igreja, da sociedade civil e da comunidade internacional.
O líder histórico da oposição, Raila Odinga, que esteve preso no início dos anos 1980, enfatizou a importância de perdoar e de construir a harmonia no país.
"Eu fui uma de suas vítimas (...) mas ele sabia perdoar, como eu também sei perdoar. Apertamos as mãos e trabalhamos juntos", afirmou.
Sob sua Presidência, Daniel Arap Moi perseguiu as elites culturais, ativistas de direitos humanos e defensores do meio ambiente, como o escritor Ngugi wa Thiong'o, ou a que mais tarde se tornou Nobel da Paz Wangari Maathai.
Muitos alegam, porém, que ele soube manter a paz no Quênia nos anos 1990, enquanto países vizinhos - como Ruanda, Burundi e Somália - afundavam em conflito.
* AFP