O líder civil de direita Luis Fernando Camacho, que propiciou a queda de Evo Morales, defendeu nesta segunda-feira (18) a realização de eleições na Bolívia no dia 19 de janeiro e deu um prazo "até a quinta-feira" para que o governo interino convoque a votação. Camacho pediu respeito à Constituição e à decisão dos cidadãos de "ter um processo eleitoral"
— Necessitamos garantir ao povo boliviano um processo eleitoral limpo e transparente, mas principalmente imediato — afirmou o líder.
A exigência de Camacho e de outros líderes civis coincide com gestões da Igreja Católica para aproximar posições entre os partidos políticos e atores sociais visando novas eleições. Monsenhor Eugenio Scarpellini, membro da Conferência Episcopal, declarou na noite desta segunda-feira que a reunião multipartidária visando um novo processo eleitoral obteve progressos.
— Acredito que há vontade de avançar, os acordos estão se formando — declarou Scarpellini à rede de televisão CNN.
Morales tentou a reeleição em 20 de outubro, mas a oposição denunciou fraude — o que em parte foi avalizado por denúncias de irregularidades da OEA —, dando origem a uma crise que repercutiu nas ruas, levando-o a renunciar, após perder o apoio dos militares e da polícia.
Desde então, a Bolívia ficou rachada e em um mês de protestos, somam-se 23 mortos. Morales, asilado no México, se considera vítima de um golpe de Estado e sua sucessora — presidente interina Jeanine Áñez — prometeu pacificar o país e convocar eleições.